Sunday, December 23, 2012

nem tudo que se admira é arte


Apolo, deus da luz e das artes, é filho de Zeus com Leto. Zeus representa a energia primordial criativa, enquanto Leto é a deusa da liberdade. Assim, seguindo-se o pensamento da mitologia grega, as artes nascem quando há liberdade criativa. As duas premissas básicas para uma obra de arte são, por tanto, criatividade e liberdade. Um ser livre, que copia, não cria arte. Um ser criativo, ordenado a fazer certa obra, tão pouco, produz arte. Seguindo-se este raciocínio, a maior parte das obras do renascimento não seriam obras de arte, pois foram encomendadas pela Igreja. As cenas religiosas de Rafael, Da Vinci e Michelangelo não seriam arte, pois são frutos do dogma religioso. É uma afirmação ousada, defendida por alguns estudiosos. Na prática, é difícil admirar um quadro de Michelangelo e afirmar que não é arte. Talvez, a chave da questão esteja na palavra admirar: nem tudo que se admira é arte.

Tuesday, December 18, 2012

Monday, December 17, 2012

Afinal, o que é uma foto de arte?

Afinal, o que é uma foto de arte? Curiosamente, essa, que deveria ser mãe de todo questionamento na fotografia de arte, é uma pergunta rara. Diversos fotógrafos expõem suas fotos em galerias, em sites ou nas paredes de cafés e restaurantes, na certeza de que se trata de obras de arte. Na regra, são encantados por suas criações, sentimento comparável ao de crianças quando realizam os primeiros feitos na vida. Há um grande abismo entre pintores e fotógrafos, principalmente, no caso de iniciantes: enquanto pintores iniciantes costumam ser tímidos e com dúvidas relativas à qualidade de suas criações, fotógrafos carregam uma autoconfiança quase arrogante, uma certeza insana de que suas fotos são de grande valor artístico.

Thursday, November 01, 2012

O Conto Azul de Leonardo da Vinci

Chega às livrarias, em Novembro, meu novo livro de ficção, O Conto Azul de Leonardo da Vinci. O lançamento oficial é em Janeiro de 2013.

Friday, October 05, 2012

em quem votar?

o problema não é o fato que não me identifico com nenhum dos candidatos. muito pior, é que não me identifico com nenhum partido. o PV, que se diz o partido sustentável e correto, faz uma zona danada aqui em copacabana, chega a ser cômico. há uma sede de campanha do PV próxima a minha casa, onde cartazes obstruem a passagem de pedestres, carros estacionam irregularmente e, de noite, liga-se o som com música eletrônica ao máximo, como se fosse uma rave. e assim é com todos os partidos. nenhum é fiel à própria filosofia e se envolvem, dia sim dia também, nos mais diversos escândalos.

Wednesday, August 22, 2012

vivendo através das lentes


Esta foto espetacular, publicada nos principais jornais online do mundo, mostra a importância da fotografia no cotidiano das pessoas. Reparem que, de sete pessoas observando a baleia jubarte, cinco seguram uma máquina fotográfica na mão. Observar é fotografar. De nada parece valer o momento, quando não registrado em foto. A máquina serve, inclusive, de proteção: a moça do vestido preto, dificilmente, estaria tão próxima e calma, não fosse pelo fato de estar fotografando. Cada vez mais, experimenta-se os momentos através das lentes.

Tuesday, August 07, 2012

octamãe e o fracasso do governo dos EUA

nem nos EUA o serviço social funciona. todo mundo já deve ter lido que a mulher que teve óctuplos está tendo que, literalmente, dar o rabo para pagar as contas. o interessante é que o governo americano não ajuda. o governo apenas controla se as crianças estão sendo "bem criadas". caso não estejam, o governo retira a guarda e aí, sim, passa a custear as crianças em abrigos. não seria mais fácil, humano, correto e lógico ajudar a mãe enquanto ela estar com a guarda? considero esse episódio embaraçoso para os EUA. em tempo: se alguém quiser ajudar, pode fazer uma doação em gofundme.com

Tuesday, July 17, 2012

Livro Grátis sobre a Amazônia

Disponibilizei, de forma gratuita, a versão eletrônica de meu livro Tem um Louco Solto na Amazônia. Basta acessar o site http://www.colorfotos.com.br/louco-amazonia.htm e fazer o download.

Friday, June 22, 2012

Referência na fotografia


André Kertész foi uma dos fotógrafos de estilo mais marcante na história da fotografia. Entre suas principais criações está uma série de mulheres nuas e distorcidas A minha foto deste post é, assim, inspirada no trabalho dele. Distorci o carro e deixei  o seio da mulher sem distorção, colocando os dois elementos de Kertész na mesma imagem (distorção e nudez), invertendo, porém, o conceito: enquanto Kertész distorcia o objeto do desejo, eu faço com que o objeto do desejo distorça o mundo. Essa é a importância de se usar referências na fotografia de arte, pois sem a referência minha foto perderia em força. É um processo muito diferente da cópia: a cópia repete a mesma ideia a partir da mesma estética ou, até mesmo, a partir de uma estética diferenciada. A referência cria novas ideias a partir de uma estética que já carrega um conceito.

Tuesday, May 29, 2012

Fotosequências

Fotosequências são conjuntos de nove fotos cada, que representam um evento. A partir de uma estética em sequência, eu instigo o observador a refletir, num processo que se aproxima da vídeo-arte. No conjunto de fotos deste post, de título "O Eclipse das duas Luas", eu abordo questões relacionadas à união, a amarras, à interferência, à introspecção e à essência. Veja outras fotosequências no meu site.

Sunday, May 27, 2012

o caso do ex-ministro Márcio Thomaz Bastos defendendo um contraventor

a OAB de São Paulo apoia um ex-ministro da justiça defender um contraventor no congresso nacional. prezados senhores da OAB: na teoria, o discurso de vocês é lindo! na prática, ele não convence. há milhares de bons advogados no Brasil, porque o Cachoeira escolheu justamente o ex-ministro? não é porque ele advoga melhor! é porque ele, como ex-ministro, é muito bem relacionado em Brasília, tanto no Congresso, como no STJ e no STF. e é isso que está incomodando a nós brasileiros. só isso. deu pra entender? ou vocês vão ter que consultar uma cartilha de ética?

luxo x conforto


                É fato que vivemos numa época de luxos. Sempre houve luxo, é claro, mas, antigamente, o luxo restringia-se a elite da elite financeira. Hoje, o luxo existe em escala industrial. Pode ser comprado em promoções de shopping centers, na forma de sedosos roupões de banho, de maçanetas douradas, de camas extravagantes e de muitos outros itens que transitam entre o conforto e o exagero. Pessoalmente, nada tenho contra o luxo, desde que ele me proporcione um significativo ganho de conforto. O que não me encanta é o luxo pelo luxo. Há pessoas que viajam para Dubai, somente para instalar-se numa das luxuosas suítes que os hotéis de lá oferecem. A cidade, em si, oferece pouco: em termos culturais, não é significante; as praias são monótonas; não se come melhor do que em São Paulo; as restrições comportamentais são muitas. Prefiro me instalar num hotel luxuoso em Bangkok e, além do conforto, conhecer os templos e outras preciosidades históricas.
                A questão central é: o luxo, por si só, nada acrescenta, é uma ilusão. Alguém senta-se num iate de cem milhões de dólares, impecável, mas... e dai? Pra onde vamos? Legal esse iate, mas qual o rumo da viagem, afinal, um iate existe para navegar. Para muitos, o destino perdeu significado: importam-se somente com o acabamento interno do iate, com as tevês de plasma, com o banheiro de mármore e com o mordomo servindo champanhe.
                O luxo é uma grande armadilha, pois ele seduz na promessa do bem estar, mas acaba eliminando vivências que, justamente, trazem o bem estar. Qual experiência é mais engrandecedora? Cruzar a savana africana de jipe ou hospedar-se num requintado hotel-safari com 20 mordomos, tapetes persas e com cercas elétricas que afastam os animais selvagens? É evidente que a viagem de jipe se torna mais agradável, quando o carro tem ar-condicionado, um excelente serviço e quando os pernoites são realizados em acampamentos requintados. O luxo não é condenável, mas ele não deve restringir a experiência.
                Eu costumo dizer que prefiro viajar na classe econômica, me hospedar numa pousada honesta e conhecer bem a cidade de meu destino, a viajar de primeira classe, hospedar-me no melhor hotel, mas ver pouco da cidade em si. Agora, se for possível viajar de primeira classe e conhecer bem a cidade, melhor ainda. O problema é que, na regra, isso não acontece. O luxo acaba por desnortear os sentidos, e, ao invés de conhecer cada canto de uma cidade, passa-se tempo na piscina do sofisticado hotel.
                Vale a pena pensar a respeito: qual o sentido do luxo na sua vida? Enquanto o luxo significar, somente, conforto na estrada, tudo está nos trilhos. Quando o luxo representa a vivência em si, há algo de errado acontecendo.

Tuesday, May 22, 2012

o nu artístico - falso pretexto

A maioria dos fotógrafos aborda o nu por uma questão de excitação pessoal, libertando instintos reprimidos sob o falso pretexto de estar se dedicando às Artes. É evidente que a criação artística pressupõe movimentos de libertação, assim, trabalhar a própria sexualidade através da fotografia é, sem dúvida, um caminho aceitável nas Artes. A falsidade está, porém, na abordagem à qual grande parte dos fotógrafos se propõe: ao invés de se libertarem, gradualmente, de bloqueios relativos à questão sexual, utilizam-se da fotografia, somente, para satisfazer desejos e necessidades reprimidas, sem que haja um movimento interno que se proponha a desatar amarras.

Friday, May 18, 2012

os supostos benefícios do café


                Dia sim, dia não, leio alguma matéria sobre os supostos benefícios de se tomar café. A última foi ontem, no jornal Estadão, afirmando que ingerir, diariamente, 3 xícaras de café diminui em 10% as chances de morte. A afirmação é, em si, absurda, pois pressupõe ser a morte somente uma possibilidade. O vício de linguagem utilizado pelo jornal evidencia a máxima que, há tempos, corre a mídia: café é sinônimo de vida longa e saudável.
                Quantas matérias foram publicadas, nos últimos tempos, sobre os benefícios de chá verde, mandioca, cenoura, beterraba, ervas e outros? Foram algumas, sem dúvida, porém espaças. Um dia se fala da cenoura, noutro da abobrinha, noutro, ainda, do alho; mas a quantidade de vezes em que se fala dos supostos benefícios do café chama a atenção.
                A dúvida que fica é: por que o café? A resposta, mais óbvia, seria o interesse público, pois o café é, praticamente, uma unanimidade nacional. Há, porém, outras unanimidades das quais não se cita, o tempo todo, os supostos benefícios, por exemplo, o feijão, que, sabe-se bem, tem muitas qualidades. A dúvida, por tanto, continua: por que o café?
                A primeira possibilidade que vem a mente é um lobby da indústria do café por esse tipo de matéria. Os produtores e comerciantes de café, podem, através de assessorias de imprensa, estar bombardeando os jornais com reportagens sobre os benefícios do café. Seriam, nesse caso, matérias altamente questionáveis, pois os estudos estariam sendo encomendados pela própria indústria do café. Aliás, por que se estuda tanto os benefícios do café? Quem encomenda tantos estudos? Pergunta interessante.
                Uma outra possibilidade para a existência de tantas reportagens é bem mais polêmica. Transita pelo campo da famosa teoria de conspiração de que “grupos poderosos” estariam alienando a humanidade. O café, sem dúvida, é um estimulante, que transporta o usuário para um certo estado de automatização. É como se lhe dissessem: esqueça cansaço e problemas particulares, tome uma xícara de café e volte à mesa de trabalho, participe do sistema.
                Teorias da conspiração à parte, é bom se questionar a razão que leva a mídia a apertar, exaustivamente, a mesma tecla. O café pode até fazer bem a saúde, mas e daí? Água de coco também faz.

Thursday, May 17, 2012

xadrez - o conluio

esse trabalho faz parte de minhas fotosequências, nas quais trabalho o conceito editorial da imagem de que o conjunto de fotos conta, assim como as palavras, uma história.

Wednesday, May 16, 2012

água

tirei essa foto à noite, com luz que passava por baixo da fresta de uma porta.

Tuesday, May 15, 2012

retrato de uma pena


meu jogo de xadrez

as fotos deste meu trabalho foram tiradas com máquina rolleiflex, em seguida, digitalizadas, e o layout montado no computador. as imagens vermelhas não foram manipuladas, porém fotografadas com filtro vermelho. o tamanho total do trabalho é de 70x70cm.

Friday, May 11, 2012

empresta-se casa

empresta-se casa. 100% energia solar. água de fontes naturais. despensa com sistema automático de reposição. horta no jardim. extensa área de lazer. pede-se devolver em bom estado. (foto: reprodução internet)

Wednesday, May 09, 2012

as fotos de William Eugene Smith


William Eugene Smith é, talvez, o mais importante fotojornalista de todos os tempos, pois seu estilo autêntico influenciou milhares de fotógrafos. Recentemente, foi eleito pela publicação “Professional Photographer” o segundo fotógrafo mais influente de todos os tempos, perdendo somente para Richard Avedon. Nascido nos EUA, em 1918, Smith trabalhou para importantes jornais como o Life Magazine e o Newsweek, além de participar do auge da agência Magnum. Cobriu diversos conflitos, entre estes, a Segunda Guerra Mundial. Seu mais importante trabalho são as fotos feitas em Minamata no Japão, onde ele viveu dois anos e documentou as terríveis doenças causadas nos moradores, por poluentes de indústrias próximas. Faleceu em 1978, aos 59 anos.

Monday, May 07, 2012

ipanema

 para fazer essa panorâmica em alta definição, fiz duas fotos e as juntei.


Saturday, May 05, 2012

vazam fotos de carolina dieckmann nua

vi as fotos e estão lindas. infelizmente, por questões autorais, não posso reproduzi-las aqui. toda mulher tem um quê de exibicionista e carolina não é diferente. ela deveria relaxar, não há nada de errado nas imagens. aparecer assim, nua, na internet, sem photoshop, sem maquiagem e sem retoques, não é para qualquer uma. algumas pessoas maldosas criticam a forma como ela se fotografou, independente das fotos terem vazadas. discordo: a fotografia é uma forma de expressão, e, entre quatro paredes, não há limites para a manifestação de um indivíduo. eu já tirei fotos bem piores...

Saturday, February 04, 2012

a greve e a revolta

A grande questão em torno da onda de violência em Salvador não é a irresponsabilidade criminosa da PM, tão pouco a indolência da cúpula política, que se recusa a negociar em quanto a greve não for finalizada. Pior, muito pior, é a agressividade enclausurada numa camada de favelados miseráveis, esperando um único momento de relaxamento da opressão do aparato do estado, para poderem roubar e matar. São milhares de pessoas que viviam num transe de honestidade imposta, e uma vez que a imposição cedeu, não têm formação de caráter o suficiente para distinguir o certo do errado. Quero deixar claro que não culpo essas pessoas: culpo, sim, anos de política de exclusão e com falta de planejamento, que criaram um exército de revoltados e potenciais assassinos. Como vocês se sentem vivendo num país, onde só é possível viver com certa tranquilidade graças a presença ostensiva de policiais armados? Pelo visto, os bilhões gastos pelo governo federal com vales moradia, pobreza, filho e vales disso e daquilo, não resolveram a questão do Brasil: por mais que ninguém queira enfrentar o bicho papão, a solução tem nome e sobrenome: educação de qualidade.

Thursday, February 02, 2012

a filosofia equivocada do STF

O grande problema de nosso judiciário, em especial, das instâncias superiores, é o afastamento do cotidiano. O STF, por exemplo, parece viver num mundo da retórica fantasiosa, em que expressões elaboradas se misturam a uma filosofia de contos gregos. O resultado é tamanho afastamento da sociedade, que o supremo acabou se transformando num dos símbolos das desigualdades que reinam no Brasil. Ora, Pimenta Neves ficou livre por dez anos, mesmo após confessar que assassinou uma mulher pelas costas. Será que um favelado teria o mesmo direito? É evidente que não! Pimenta Neves só ficou em liberdade, porque, através de advogados caros, conseguiu sucessivas liminares, algumas expedidas pelo próprio STF. Imaginem se todo pé rapado tivesse acesso a advogados competentes, que soubessem encaminhar as questões ao STF: o STF iria, simplesmente, ser paralisado. Essa conversa que todo mundo é inocente até que todas as possibilidades de defesa se esgotem é uma filosofia barata e burra, que acaba, por tabela, menosprezando as instâncias de primeiro grau. Na visão do STF, Pimenta Neves era inocente antes que o trâmite judicial se encerrasse por completo, mesmo que ele tenha confessado o crime. Mas não era, ele era culpado, tanto que está preso, tanto que todos sabiam que ele seria preso após anos de abusivas liminares. Ou seja, a filosofia quase budista de ser do STF na prática não funciona, como este caso bem comprova.

Posso apontar ainda outros casos notórios, como a decisão de soltar Cacciola pela mesma razão da presunção da inocência, mesmo que todos soubessem que ele iria fugir, e fugiu. E, mais recentemente, a libertação do médico estuprador de São Paulo, que também desapareceu, provavelmente, para sempre.

O STF precisa, urgentemente, se conectar com a realidade brasileira e parar de ver a constituição como se ela fosse um livro burro, sem outras possibilidades de interpretação. Hoje, temos alguns Ministros, como Joaquim Barbosa, que andam nessa direção, mas ainda são minoria. O caso Pimenta Neves é o melhor exemplo de como é falha a posição do supremo. O Brasil é real, é prático e precisa de respostas urgentes. Ao invés de defender a presunção da inocência de assassinos confessos, o STF deveria, urgentemente, tratar de desburocratizar e descentralizar os trâmites judiciais.