tag:blogger.com,1999:blog-332848062024-03-19T07:00:48.125-03:00imagens palavras - Felix RichterUnknownnoreply@blogger.comBlogger334125tag:blogger.com,1999:blog-33284806.post-63197928789343878002022-01-29T19:10:00.006-03:002022-01-29T19:10:34.368-03:00esperando você<p> </p><p class="MsoNoSpacing"><span lang="PT-BR" style="mso-ansi-language: PT-BR;">Escrevi
uma mensagem no guardanapo de papel. Marquei um encontro secreto, só nós dois,
à meia noite na beira do mar. Esperei até as duas da manhã e você não apareceu.
30 anos se passaram desde então. Esqueci, mudei, vivo a vida. Às vezes, de
noite deitado no meu travesseiro, acredito ouvir o barulhinho das ondas subindo
e descendo a areia. Percebo que não esqueci. Estou sentado na beira do mar até
hoje, esperando por você.<o:p></o:p></span></p>Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-33284806.post-55512258565754185062022-01-17T18:49:00.005-03:002022-01-17T18:49:27.462-03:00 viver é sobreviver momentos<p> <span style="font-size: 14pt;">Viver é sobreviver momentos, para descansar por outros momentos e
sobreviver momentos de novo. Como um caldo na água gelada, uma correnteza que
puxa para baixo e nos deixa subir de vez em quando para respirar. A maioria
dessas respiradas é ligeira, tempo o suficiente apenas para escapar de sufocar-se
de vez. Às vezes, porém, as respiradas são prolongadas, e podemos enxergar a
beleza do viver: o pássaro na janela, o senhor na bicicleta antiga, o carteiro
entregando novidades, o cheiro de pipoca doce, a nuvem tentando alcançar o céu.
Durante uma curta respirada vi uma estrela e lembrei que o infinito existe. Quando
submergi de novo, levei o infinito comigo, e ele se tornou maior ainda, dentro
do meu coração.</span></p>Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-33284806.post-29522722981622525232022-01-01T20:26:00.004-03:002022-01-01T20:26:23.136-03:00o seu amor será o mundo<p>Eu quero
te pedir felicidade: não pra mim, a felicidade que eu desejo é para você. Quero
que você me faça o favor de ser feliz. Quando tudo parece impossível, deposite
em você a sua confiança. A felicidade que eu te peço é a coragem de ser você,
mesmo que a vida te maltrate. Seja rebelde, seja você. Ame-se antes de amar o
mundo e o seu amor será o mundo.</p>Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-33284806.post-42386848954418894592021-12-26T20:09:00.004-03:002021-12-26T20:09:34.707-03:00derradeira felicidade<p> Lembrou
de ser feliz à noite, depois de um dia de angústias. Fechou os olhos e viu a pessoa
que um dia significou alguma coisa. Teve saudade, não da pessoa, mas do
significado. Daquele valor no coração, que fazia passar por qualquer tempestade.
O tempo cria neblinas, percebeu, nuvens pesadas cinzentas, que apagam sonhos e
criam realidades geladas. A felicidade, que um dia foi parceira constante,
passa a ser um encontro ocasional, um devaneio noturno. Um dia, pensou, quero
ser jovem de novo, para perder o primeiro amor e chorar por longas madrugadas,
na ignorante certeza de que aquilo é tristeza, quando ao certo é derradeira felicidade.</p>Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-33284806.post-51163114273100572432019-03-04T18:09:00.001-03:002019-03-04T18:09:42.883-03:00o peixinho
<br />
<div style="margin: 0px 0px 10.66px;">
<span lang="PT-BR" style="margin: 0px;"><span style="font-family: Calibri;">Ela sempre
implicou com o carnaval. Não que condenasse a manifestação da alegria. Pelo
contrário, via na dança, na música e na festa um direito incontestável da alma.
A implicância dela era com a hora marcada: felicidade não tem data. Não concordava
que um país inteiro parasse tudo para ser feliz e dias depois retornasse para
uma rotina de muitos problemas. Felicidade é algo espontâneo, ela acreditava. É
o peixinho pulando na beira da praia ao raiar do sol. É o casal que se beija ao
ver uma estrela cadente.</span></span></div>
Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-33284806.post-38923071113369131182019-01-24T05:54:00.000-02:002019-01-24T05:54:11.262-02:00infinito coração
<br />
<div style="margin: 0px 0px 10.66px;">
<span lang="PT-BR" style="margin: 0px;"><span style="font-family: Calibri;">Eu acredito
no sol e na lua. Acredito nas folhas de outono quando cobrem o chão. Acredito
nas tempestades que sacodem janelas e nas chuvas de verão. Acredito no canto do
galo de madrugada e na cigarra que anuncia o tempo bom. Eu acredito na verdade
de um sorriso, acredito na vida, acredito na solução. Grande grande é o homem,
gigante a mulher, infinito é o coração.</span></span></div>
Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-33284806.post-38337135334710188002018-11-26T20:10:00.002-02:002018-11-26T20:11:59.729-02:00carrossel
<br />
<div style="margin: 0px;">
<span lang="PT-BR" style="font-size: 14pt; margin: 0px;">Aconteceu numa daquelas feirinhas do interior do Brasil, com barraquinha
de beijo, de pipoca, maçã do amor, tiro ao alvo, chão de terra batida, adultos
falastrões, crianças espoletas, música e carrossel. Luzes coloridas preenchiam o
azulado chumbo do anoitecer. Um jovem casal se encontrou em frente ao carrinho
de algodão-doce. Cumprimentaram-se com dois beijos tímidos no rosto e
caminharam lado a lado pela feirinha. Era o primeiro encontro e ferviam por dentro
de insegurança. Lá pelas tantas ela disse que nunca andara de carrossel. Juntaram
as moedas que traziam nos bolsos e compraram duas entradas. Sentaram-se numa
pequena carruagem em forma de abóbora, cercados por crianças em cavalinhos,
renas e unicórnios. Assim que o carrossel iniciou os giros, as luzes se
tornaram rabiscos coloridos, a música diminuiu o ritmo, e o casal viajou a um
universo à parte. As pontas de seus dedos se tocaram, beijaram-se. Quando, dois
minutos adiante, o carrossel parou, as crianças nos cavalinhos se queixaram,
decepcionadas, de que o passeio fora rápido demais. O jovem casal se afastou,
agora de mãos dadas, sem norte definido. Para eles o carrossel continuava a
girar na eternidade do primeiro amor.</span></div>
<b></b><i></i><u></u><sub></sub><sup></sup><strike></strike>Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-33284806.post-47257445699226730962018-07-10T05:18:00.001-03:002018-07-10T05:20:21.685-03:00uma luz brilhou no céu<span style="background-color: transparent; color: #1d2129; display: inline; float: none; font-family: "helvetica" , "arial" , sans-serif; font-size: 14px; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: 400; letter-spacing: normal; text-align: left; text-decoration: none; text-indent: 0px; text-transform: none; white-space: normal; word-spacing: 0px;">Uma luz brilhou no céu e não era o sol. Uma luz brilhou no céu e não era estrela. Uma luz brilhou no céu e não era a lua. Uma luz brilhou no céu, mas não era balão de São João, foguete de festa junina ou farol de aviso. Uma luz brilhou no céu e não era vaga-lume, não era avião, disco voador nem espaço nave. Eles estavam pela primeira vez a sós, tímidos, apaixonados um pelo outro, com receio de que o amor de um pelo outro não fosse correspondido. Quando suas mãos finalmente se tocaram, uma luz brilhou no céu e se beijaram.</span><b></b><i></i><u></u><sub></sub><sup></sup><strike></strike>Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-33284806.post-77846989738212722182018-06-29T18:40:00.002-03:002018-06-29T18:42:02.838-03:00beleza<span lang="PT-BR" style="font-family: "calibri" , sans-serif; font-size: 11pt; line-height: 107%; margin: 0px;">A
beleza é um sopro. É o calor que traz equilíbrio ao mundo. É o luar correndo de
mãos dadas com o pôr do sol. É a cachoeira se lançando no abismo para nutrir a
terra. É o pássaro azul cantando na colina. É chuva, o arco-íris, uma voz de
silêncios. A beleza é a moça simples do interior que se descobre, de repente, no
espelho. Ela acaricia o próprio rosto, sorri e se aceita na plenitude do
momento. A beleza jamais foi, não é e nunca será o que alguém pensa de você:
ela é o oposto, ela é o que você pensa de você. A beleza não está nos olhos
que observam, a beleza está no olhar que aceita. Você, beleza, você. Você é a
beleza no mundo.</span>Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-33284806.post-72756236433608416612018-06-11T17:26:00.000-03:002018-06-11T17:26:08.339-03:00acreditar<br />
<div class="MsoNormal">
<span lang="PT-BR" style="mso-ansi-language: PT-BR;">Sorrir sem
sorrir. Dizer palavras animadas, enquanto o coração pulsa apertado. Viver em
dois mundos: por fora firme divertido, por dentro amargo desequilibrado. De
noite, quando a cabeça encontra o travesseiro, a verdade vem à tona. Primeiro
algumas lágrimas, depois a esperança. Há esperança. Sempre há. Sorri sorrindo.
Acreditar.</span></div>
Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-33284806.post-75424281739599134042018-06-07T18:17:00.001-03:002018-06-07T18:17:15.265-03:00chove cá dentro<br />
<div class="MsoNoSpacing">
<span lang="PT-BR" style="font-size: 13.0pt; mso-ansi-language: PT-BR;">Chove lá fora e cá dentro também. Dentro de mim. Ouço os trovões e sinto
relampear. É uma tempestade daquelas. Amigos e parentes não fazem ideia do
vendaval que sacode minha alma. Nem queiram fazer: meu veleiro está além de
seus horizontes, em águas que devoram tudo o que é comum. Meu peito grita. Lá
fora já não chove mais, cá dentro sim.<o:p></o:p></span></div>
<br />Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-33284806.post-64108798213443302222017-12-16T18:55:00.000-02:002017-12-16T18:55:38.999-02:00A razão do universo<span style="background-color: white; color: #1d2129; font-family: "helvetica" , "arial" , sans-serif; font-size: 14px;">Há quem conte piadas, há quem conte mentiras, há quem conte causos, há quem conte vantagem, há quem conte histórias. Ela, por sua vez, contava os peixinhos nos aquários e as pipocas no chão do cinema. Contava os olhares, os minutos, os beijos, contava flores e folhas, sorrisos e abraços. O que se conta revela a natureza dos indivíduos: alguns contam para se exibir; outros, para entreter. Ela conta, pois, acima de tudo, busca a razão do universo.</span>Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-33284806.post-6452090085026004412017-10-23T05:53:00.002-02:002017-10-23T05:53:34.368-02:00Saudades<div class="MsoNoSpacing">
Tenho excesso de saudades. Tenho saudade de dividir a
banheira com meus irmãos na infância. Saudade do cobertor quentinho nos dias de
chuva na casa da vovó. Tenho saudade do cheiro do mar. Tenho saudade do beijo na
porta da escola. Saudade de campos verdes e de estradas de terra. Saudade de
todas as idades que já vivi, das cidades que já cruzei, dos amigos que vieram e
se foram nas encruzilhadas da vida. Tenho tantas saudades, que tenho saudade
até de coisas que nunca conheci: tipo, saudade dos tempos em que a Bahia era
como nos livros de Jorge Amado. Saudade de um abraço quente, razão do universo.
Mãe.<o:p></o:p></div>
Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-33284806.post-32427413782154912712017-09-08T15:17:00.002-03:002017-09-08T15:17:49.632-03:00força e coragem<div class="MsoNormal">
Desde pequena lhe ensinaram a buscar abrigo quando chovesse.
A fugir do vento. A evitar arbustos espinhosos. Um dia ela se cansou. Correu por
chuva de vento e deixou que os espinhos da vida lhe marcassem com ensinamentos.
Tropeçou, levantou-se, tropeçou de novo, ergueu-se outra vez. Algumas rugas
surgiram com o tempo, e deixou de ter aquela pele sedosa que os meninos da
escola admiravam. Hoje ela não é boneca, não é imagem, tampouco conquistou o
mundo e não se diz emancipada. Ela é somente ela, força e coragem. <o:p></o:p></div>
Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-33284806.post-76710569955562874002017-08-17T17:59:00.002-03:002017-08-17T17:59:23.619-03:00beijo roubado<div class="MsoNoSpacing">
Ilhas são portos seguros. Estrelas são desejos
inconscientes. Pássaros, a liberdade. Palavras confundem mais que explicam. Um
formigar sobe o peito e acaricia o pescoço. O rosto se aquece. Lembranças se
iluminam. Um cavalo galopeia pelo vasto infinito, o dia se põe por trás de um
monte, uma pena voa pelo transparente. Árvores são o pai, os galhos abraçam. O
sol é a mãe: luz e calor. O arco-íris é a beleza da trilha impossível. Quando
chove, quero correr de braços abertos por ruas e por becos e bater, encharcado,
à sua porta. Ver o seu rosto surpreso ao me ver entregue à tempestade. Talvez
lhe roubar um beijo e correr de novo chuva a dentro para longe, sem que nós
dois jamais entenderemos o que de fato aconteceu.<o:p></o:p></div>
Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-33284806.post-12542747938229800022017-08-08T16:15:00.002-03:002017-08-08T16:15:40.757-03:00para nunca mais voltar<div class="MsoNormal">
Ela costumava dizer tudo o que pensava. Sempre teve muitas
opiniões. As pessoas a ouviam com atenção e, na maioria das vezes, concordavam.
Ela sentia-se importante. Até que um dia descobriu as suas opiniões equivocadas.
Acordou, certa manhã, e pensou todas as ideias ao avesso. Ficou envergonhada
por um instante, então sentiu um esquisito estranhar: se ela esteve equivocada,
todos que com ela concordavam também se equivocavam. Pensou em conversar com os
amigos e explicar que o mundo não era bem assim, mas se reteve na possibilidade
de estar novamente enganada. Descobriu que as opiniões são como os passarinhos,
que nascem, se desenvolvem e depois batem asa, para nunca mais voltar. <o:p></o:p></div>
Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-33284806.post-22102946816325413032017-07-21T18:36:00.001-03:002017-07-21T18:36:01.699-03:00ajudar é um caminho espinhoso<div class="MsoNormal">
Ela nunca se esquecerá daquele sonho estranho com um avião.
Viajava num imenso jato particular. O avião, de tão gigante, poderia
transportar milhões de pessoas, mas ela era passageira única. Certa hora, ela
olhou pela janela e viu uma multidão de pessoas famintas, pedindo uma carona,
implorando por salvação. Então ela mesma se transformou no avião. Querendo
ajudar os milhares de famintos, ela tentou aterrissar, mas uma violenta
turbulência impediu que pousasse, e a multidão inteira começou a chorar. Despertou
do sonho de coração partido. Caminhou até a janela e observou a rua calada na
madrugada chuvosa. Havia um mendigo passando frio em baixo de uma marquise.
Quis lhe levar um cobertor, mas teve receio de descer para a rua, sozinha, no
escuro. Sentiu-se impotente; havia tanto a fazer pelos outros, sem que ela, de
fato, conseguisse fazer. Naquela noite ela descobriu que ajudar os menos
favorecidos não é uma simples questão de ter um bom coração: ajudar é um
caminho espinhoso.<o:p></o:p></div>
Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-33284806.post-52809140719281321272017-07-15T09:56:00.003-03:002017-07-15T09:56:39.784-03:00a felicidade é uma casa sem paredes<div class="MsoNormal">
Quando criança, ela sonhava em ser cantora. Fazia
apresentações para os adultos, imitando a estrela do momento. Depois, no início
da adolescência, sonhou em ser modelo. Era um sonho um pouco mais sério que o
de ser cantora. Reclusa em seu quarto, longe de olhares estranhos, desfilava na
frente do espelho e se imaginava nas passarelas do mundo. Finalmente, já quase adulta,
sonhou em ser atriz. Repetia os diálogos das telenovelas e se entregava
ofegante nas cenas de beijo. Os anos correram, a vida enveredou por caminhos
inesperados; dos sonhos de fama fez-se a realidade do sustento diário. Hoje,
quando ela pensa para trás, um sorriso sincero quebra a dureza rotineira. Ela
se dá conta de que foi primeiro cantora, depois modelo, então atriz. Ninguém,
jamais, há de nos tirar os sonhos, ela percebe. E, às vezes, de noite após uma
longa jornada de trabalho, ela fecha os olhos e se enxerga nos mesmos palcos em
que foi estrela quando na idade dos sonhos. Os holofotes imaginários ofuscam
qualquer frustração. Livre ela se sente, pois livre ela é: a felicidade é uma
casa sem paredes.<o:p></o:p></div>
Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-33284806.post-61883476249414294812017-07-06T08:42:00.002-03:002017-07-06T08:42:54.469-03:00ela é simples e simples encanta<div class="MsoNormal">
Ser complexo é buscar metáforas indecifráveis; é dificultar
o fácil; é fazer curvas sobre retas. Ser simples é dizer bom dia; é sorrir, é
dar um abraço; é tomar banho de chuva. Ser complexo é analisar cada sentimento.
Ser simples é sentir o sentimento, sem analisá-lo. Ser complexo é conhecer
receitas sofisticadas. Ser simples é fechar os olhos e buscar o sabor de
tangerina na esquecida infância. Ser complexo é a tentativa de explicar a
existência: ser simples é existir. Ela dança ao vento, e suas pegadas se
espalham pela areia. Ela mexe os lábios quando pensa. Ela é simples e simples
encanta.<o:p></o:p></div>
Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-33284806.post-35015208363650592392017-06-30T20:49:00.002-03:002017-06-30T20:49:57.209-03:00experimentar a grandeza do universo<div class="MsoNoSpacing">
Em que você realmente acredita? Digo, lá na honestidade
profunda, onde os olhares estranhos não alcançam. Pense na sua alma como um
livro secreto que só pode ser decifrado com uma lanterna a pilha debaixo do
cobertor. O que estará escrito nesse livro? Teria alguma relação com aquilo que
você tenta, desesperadamente, mostrar de si ao mundo? Você desconfia ser uma
fraude: o mundo não gosta de verdades. O mundo é um grande teatro e vive de
atores que desempenham, com perfeição, seus respectivos papéis. Ser verdadeiro
é pôr o equilíbrio em risco. Em que você realmente acredita? Às vezes, é
fundamental se fazer essa pergunta. Não para contar ao mundo; mas para experimentar
a grandeza do universo.<o:p></o:p></div>
Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-33284806.post-66965273600274544152017-06-27T07:23:00.002-03:002017-06-27T07:24:02.200-03:00quando vejo meu amor passar<div class="MsoNoSpacing">
Quero dizer verdades. Sugá-las de cada labirinto de
minha alma e despejá-las sobre a humanidade. Deixar minha voz ecoar por ruas e
por esquinas e deixar o mundo saber de seus equívocos e de suas belezas. Pintar
algumas paredes de cinza e outras de azul. Explicar que o nascer da lua é
gratuito e que é de beleza igual, visto do hotel de luxo ou do casebre no
morro. A humanidade embrulha as belezas em clichês. Pensa que tomar champanhe numa
beira de piscina é viver mais intensamente que beber água de riacho na
floresta. Quero convidar a humanidade a sorrir; a deixar os olhos brilharem; a
sussurrar sonhos; a respirar esperanças; a sentir o mundo girar na ponta do coração.
Quando vejo meu amor passar, quero dizer verdades.<o:p></o:p></div>
Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-33284806.post-65412528291868397952017-06-21T10:46:00.004-03:002017-06-21T10:54:28.598-03:00a menina e a montanha<div class="MsoNoSpacing">
Alguns rapazes, sempre implicantes, inventaram para a
menina que havia um mestre no topo da montanha, com respostas para todas as
dúvidas do universo. Ela, mergulhada em questões existenciais, subiu a trilha
ardilosa até o cume do monte. Chegando lá, percebeu que fora enganada e que não
havia mestre algum. Chateada, sentou-se sobre uma pedra e espiou os horizontes
distantes. Permaneceu lá por longas horas, e o olhar amadureceu. Como se, de
repente, compreendesse cada uma das palavras que lhe roubavam o sono de
madrugada. Quando retornou, os rapazes perguntaram, em tom de ironia, como fora
o encontro com o mestre. Ela sorriu e respondeu que eles estavam enganados, não
havia mestre algum no alto do monte. Os rapazes ameaçaram rir, quando a menina
completou “na verdade é uma mestra, uma mulher; e ela me mostrou que vocês e eu,
apesar das implicâncias, um dia seremos as melhores memórias uns dos outros.”
Os rapazes, atônitos, disfarçaram a incompreensão e dispersaram. No dia
seguinte, subiram até o alto da montanha, na esperança de encontrar a mulher
sábia, mas apenas se depararam com uma pedra vazia.<o:p></o:p></div>
Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-33284806.post-25922418496737204082017-06-16T22:39:00.002-03:002017-06-16T22:40:45.774-03:00medo de dizer bom-dia<div class="MsoNoSpacing">
Eu sempre tive muitos medos. Ainda tenho. Há quem afirme
que são inseguranças, mas eu gosto de dizer que são medos. Inseguranças me
parecem descrições de livros de ciência; medos são a vivência do dia a dia. As
vezes, tenho medo de ter os medos errados. Tipo, ter medo da lua, quando, na
verdade, eu deveria ter medo da escuridão. Correndo contra o tempo, tenho medo
de que meu tempo já se tenha passado há muito tempo. Como a nuvem que vem para
trazer uma sombra inútil à noite. E quando minha alma gêmea passa por mim,
tenho medo de dizer bom-dia.<o:p></o:p></div>
Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-33284806.post-70029988648585314212017-06-15T00:26:00.003-03:002017-06-15T00:26:27.487-03:00a flor no deserto<div style="background-color: white; color: #1d2129; font-family: Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 14px; margin-bottom: 6px;">
Lá vou eu levar minhas pilhas coletadas para jogar fora, como sempre, no ponto de coleta do supermercado da esquina. Chego lá para descobrir que o estabelecimento não recolhe mais as pilhas.</div>
<div style="background-color: white; color: #1d2129; font-family: Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 14px; margin-bottom: 6px; margin-top: 6px;">
Na mídia brasileira corre a indignação com o fato de que Trump deixou o acordo climático de Paris. Olho ao redor e penso que o acordo climático é o de menos perto do descaso generalizado com o meio ambiente no Brasil.</div>
<div style="background-color: white; color: #1d2129; font-family: Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 14px; margin-bottom: 6px; margin-top: 6px;">
Nossos rios urbanos são valas de esgoto ao céu aberto. As baías perto d<span class="text_exposed_show" style="display: inline; font-family: inherit;">e cidades são bacias de poluição. As pilhas e lâmpadas não tem descarte adequado. Nas praias, o lixo fica na areia. Nos mercados, as sacolas de plástico se multiplicam e multiplicam. A reciclagem é iniciativa de poucos. Tenho amigos, formados e estudados, que até hoje não separam o lixo reciclável, sob a desculpa de que "no meu prédio não tem coleta seletiva". Eu penso que reciclagem não é conforto, é consciência e dá trabalho.</span></div>
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Enquanto penso sobre tudo isso, três tiros são disparados na subida de uma favela perto de casa. Algumas pessoas se jogam no chão, assustadas, outras seguem como se tiro fosse parte inevitável da rotina. Eu, confesso, fiquei no grupo dos que se acostumaram, apenas apressei os passos, carregando minha sacola de pilhas ainda sem destino.</div>
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Pode haver conscientização ecológica enquanto não há paz? Seria a crônica agressão ao meio ambiente apenas outra face de nossa natureza violenta?</div>
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Lembro do desastre da Samarco e percebo minúscula minha iniciativa de preservar a natureza, ao descartar as pilhas de forma adequada. De noite, quando olho para o céu, percebo o quão minúsculo somos todos nós. Então, se for para comparar minhas ações com escalas de grandeza, é melhor sentar de baixo de uma árvore e esperar a vida passar. Do ponto de vista universal, tudo que se faz, por maior que seja na concepção humana, é um pingo no infinito.</div>
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Vou procurar por outro lugar para descartar as pilhas. Que a humanidade não desista perante as dificuldades de tentar fazer o que simplesmente é certo. O milagre está nos detalhes: na singela flor que sobrevive no deserto.</div>
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Encoraja pensar que, quanto maior for o deserto, maior é o milagre da flor solitária.</div>
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Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-33284806.post-82492833726608111312017-06-05T20:33:00.002-03:002017-06-05T20:33:58.696-03:00velejar pelas verdades do mundo<div class="MsoNormal">
Corro na beira do mar e sinto o universo grunhindo sob os
meus pés. A terna espuma branca me guia pela noite. Alguns casais namoram longe
dos postes da calçada, e sentem-se invadidos quando passo por eles. Finjo
ignorá-los, para que possam se eternizar nos braços um do outro. A cidade
ilude, a maresia alerta. Sigo correndo. Percebo uma luz na escuridão do mar e imagino
um navegante perdido no horizonte negro. Paro e respiro. Sinto o coração se
acelerar no céu da boca. De um lado, as milhares de luzes da cidade, do outro,
a luz do navegante solitário. Quem corre risco de se perder? Nós na cidade ou ele
em alto-mar? Penso que já me perdi há muito tempo e que preciso ter meu próprio
barco, para me encontrar. Velejar pelas verdades do mundo, longe dos holofotes da
vaidade.<o:p></o:p></div>
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