Thursday, August 24, 2006

Expo na Galeria Tempo


Hoje inaugura a minha segunda exposição de fotografia, a primeira na Galeria Tempo. Estarei apresentando dois trabalhos: um tríptico de título “A um passo” e a foto “Determinação” da série Anima (veja foto ao lado). A foto deste cavalo é um resultado de dois anos de fotografia. É extremamente difícil retratar um animal tão fotografado ao longo dos tempos, de uma forma original, sem porém deixar de tirar a essência da imagem, ou seja, expressar o que você deseja dizer com a imagem. Afinal, qual o valor de uma foto, se o fotógrafo sacrifica o conteúdo em razão da forma ? Qual o sentido da arte se a imagem se impõem sobre a mensagem ? Vejo muito este movimento na fotografia contemporânea. Muitos fotógrafos mostram uma preocupação demasiada com a apresentação, em decadência do conteúdo. Alias, a decadência do conteúdo é constante na fotografia contemporânea. O artista parece não ter mais tempo para deixar fluir a mensagem de seu interior, concluindo a obra antes mesmo de entendê-la. Depois, começa a escrever textos e mais textos para explicar o que está faltando. é a fotografia de bula, a imagem que precisa de instrução e explicação. A minha grande preocupação na fotografia sempre é de deixar o trabalho falar por si só. A obra perfeita, utópica, é a imagem que faz qualquer explicação ficar supérflua.

Como não sou utópico, segue uma míni explicação sobre o contexto desta foto no meu trabalho. A série Anima surgiu após a leitura de um livro do psicanalista JUNG, chamado “Memórias, Sonhos, Reflexões”. Para Jung, Anima é uma personalidade interior e uma função da imaginação. Anima é autônoma e independente do ser cociente, e tem como função construir pontes entre o inconsciente e a consciência. Estas pontes tem a forma de símbolos e imagens que brotam do íntimo obscuro e chegam ao consciente, muitas vezes em sonhos, para serem decifrados pelo ser pensante. No meu trabalho elegi animais para representarem os símbolos criados por Anima e a própria Anima, pois Anima muitas vezes se fundo com os símbolos criados. Assim sendo, o cavalo da foto representa a idéia da determinação. Porque determinação ? Pois o cavalo, desde os tempos antigos, é o símbolo da determinação. Esta simbologia, segundo a minha interpretação de Jung, está enraizada no subconsciente coletivo. Quando o indivíduo pensante sonha seguidamente com um cavalo, uma possível interpretação é a alma incentivando o indivíduo a ser mais determinado em certo aspecto de sua vida. Mas importante: essa interpretação é meramente simbólica, pois cada imagem de Anima, pode ter um significado diferente para cada indivíduo. A idéia deste trabalho não é interpretar Anima, nem dar nome aos bois. O objetivo é somente fazer pensar sobre os conceitos junguianos.