Sunday, December 11, 2016

o tempo e a idade

Então vem aquela sensação de que o mundo escapole pelas mãos. De que tudo acontece para todo mundo, menos para mim. Nas redes sociais, há sorrisos e viagens deslumbrantes para todos os lados. E eu, preso a minha tentativa frustrada de seguir adiante, batendo todos os dias à mesma porta trancada. Começo a apavorar-me de que o tempo possa ser mais rápido que o meu esforço. De que meus objetivos, quando conquistados, sejam incompatíveis com minha idade que avança. Algo como um adulto que recebe um brinquedo que desejou por toda infância, mas que não faz mas qualquer sentido, agora, na vida adulta.

Thursday, December 08, 2016

cores no cinza

Então, o que fazer? Qual será a solução para o turbilhão que se passa na sua cabeça? Correr? Parar? Correr e parar?  A vida permite uma pausa? Você tem certeza de que não. Você tem certeza, ou ao menos acredita ter certeza, de que continuar é a única possibilidade. De noite, na cama, você respira pausado, fica de olhos abertos no quarto escuro, e algo indefinido parece indicar uma solução. O tempo passa e os dias voam como as folhas de outono, sem que o inverno chegue e sem que o verão se afaste. A solução não se apresenta, tudo parece estagnado e está. A estagnação é parte da natureza humana. A mudança é exceção. O segredo, acredito, é encontrar novos horizontes dentro da estagnação; é olhar a rua com novos olhos; é ver cores no cinza.

Tuesday, November 29, 2016

solidão - a moça que chora na janela

Na penumbra da janela, uma moça chora. Desfocados, os olhos molhados buscam algum conforto na rua e só encontram espaços cinzentos. Ela está só, e a solidão causa uma crescente angústia vazia. Mas o que realmente incomoda a moça não é a solidão em si; o que entristece é que ela não consegue pensar em ninguém com quem ela gostaria de dividir aquele vazio. É como se toda alma do mundo vibrasse numa frequência diferente. Por mais doloroso que seja o vazio no peito, a moça o considera demais precioso para dividi-lo com qualquer um. E assim o vazio só aumenta. É um ciclo sem fim aparente: quanto mais o vazio cresce, mais precioso se torna. A boa notícia é que chegará o dia em que o vazio se tornará tão precioso que deixará de ser um vazio, para ser um forte abraço quente no corpo e na alma. E, nesse dia, flores vão brotar nos canteiros das esquinas. A solidão será uma lembrança terna, dum tempo em que a moça não compreendia a própria essência. E haverá espaços para novos mundos, novas conquistas e novos amores.

Friday, November 18, 2016

você sabe a verdade

Você sabe a verdade, mas chama o mundo de injusto. Você diz que a causa das suas angústias é um mistério que devora suas forças. As vezes você chora algumas lágrimas azedas. Quando a chuva escorre pelo vidro da janela tarde à noite, você se entrega ao vazio imenso que persegue a sua alma. Então, de repente, por um breve instante, você encontra a verdade. Ela é cristalina e absoluta, sem margem para qualquer dúvida: a verdade é um grande desafio. Você sabe que precisa escalar a montanha e você sabe que, depois de trilhar esse caminho, nada será como antes. Um calafrio corre todo seu corpo e você se assusta. A verdade quer lhe escapar, e você permite. Você apaga as luzes, deita-se na cama e dorme uma noite mal dormida. Na manhã seguinte, você finge que nada aconteceu. Você retorna para a sua rotina vazia e se convence de que há graça na monotonia. Mas, lá no fundo, você sabe a verdade e sempre soube: a montanha está a sua espera; o universo lhe reserva uma caminhada inesquecível.

Tuesday, November 01, 2016

cavalinhos imaginários

Você deseja ser considerado, mas ninguém se importa. O mundo gira rápido de mais para compreender seus pensamentos longos. Você se percebe só e sem amparo. Veja bem: o motivo da sua angústia é que a humanidade gira num imenso carrossel. Tenha determinação, solte do cavalinho e observe o carrossel de fora. Você verá pessoas rindo, outras chorando, todas completamente anestesiadas pelo girar da roda. Então você entenderá por que ninguém se importa; as pessoas estão apenas preocupadas em não cair dos cavalinhos imaginários.

Sunday, October 23, 2016

dois patos selvagens

Dois patos selvagens, macho e fêmea, pousam na mesma lagoa. É um final de tarde ensolarado na imensidão da Amazônia. A luz quente deixa as cores fortes e faz o verde intenso contrastar com o azul do céu. Imensidão. A pata olha o pato com encanto. Admira-lhe o peito empinado e sente um calor em torno do coração. O pato a ignora; pesca alguns peixinhos e parte voando, deixando-a sozinha na lagoa. A pata se entristece, sem saber ao certo o que é tristeza. Observa o horizonte e, pela primeira vez, percebe que há beleza na selva. O pato, a essa hora, voa longe, e continua sendo o mesmo pato selvagem do início desse relato; a pata deixou de ser selvagem. Assim são os sentimentos; quando amamos alguém, expandimos o ser, mesmo que o outro não nos ame de volta.

Tuesday, August 30, 2016

menina no topo da montanha

O cenário é uma menina sentada no topo de uma montanha, à noite. A imagem se assemelha aos desenhos de livros infantis. No céu preto azul escuro, a meia lua brilha amarela ao lado de cinco estrelas exageradas. Os olhos grandes da menina lutam para se encaixar no rosto ligeiramente desproporcional. Ela expressa tristeza. Não uma tristeza adulta certa qualificada, como a perda de um emprego. A tristeza da menina é maior que as certezas fatos. É um beliscar na alma que ninguém compreenderia. É um vento dentro da tempestade. É um segredo que a menina gostaria de contar ao mundo, mas não há como, pois sua tristeza não existe nas palavras.

Thursday, August 18, 2016

O que você sabe da noite?

O que você sabe da noite? Ela é escura, as vezes triste. Que ela abraça as lágrimas com carinho confidente. Que ela é honesta com a dor. Você percebe que, quando as luzes da casa se apagam, seu quarto finalmente é verdadeiro? Que o espelho reflete, não a pessoa que você quer mostrar pro mundo, mas a pessoa que o mundo não sabe encontrar? A cama macia, a escrivaninha bagunçada, um cheiro de eternidade, a mochila entreaberta e um abraço que só você mesmo sabe se dar.

Tuesday, August 09, 2016

arte x sociedade

concluo que o artista tem uma importância muito menor para a sociedade que ele imagina ter, e muito maior que a sociedade imagina que ele tenha.

Thursday, July 28, 2016

viver no agora

Por que há tanto desrespeito pelos idosos? Porque ninguém mais respeita o passado. Por que há tanta violência contra crianças? Porque se perdeu o encanto pelo futuro. O ser humano está preso num imediatismo doente, em que só o agora importa. A humanidade caiu numa armadilha. Fomos bombardeados com dizeres de filosofias orientais que pregam o viver no agora, sem entender que por trás dessas filosofias existem culturas e tradições milenares, incompatíveis com a nossa interpretação do agora. O nosso agora não é o mesmo agora do sábio da montanha. O nosso agora é somente um descompromisso leviano e nada a mais.

Tuesday, July 19, 2016

dor preciosa

calada, abraçou os joelhos e escondeu o rosto entre as pernas. que dor era aquela que lhe roubava o apetite e oprimia a respiração? sentia-se fraca incapaz; o estudo era uma missão impossível. lá longe, sabia, as amigas conversavam animadas. talvez estivessem no cinema? sentia-se tão distante de tudo, como se estivesse num outro universo, num lugar em que as cores se pintam de dentro pra fora. tudo era descolorido e, ao mesmo tempo, intenso. chorou lágrimas que não molhavam. talvez estivesse doente e apenas precisava dum médico. existiria um remédio contra o que sentia? difícil, concluiu. o único remédio contra a paixão é esquecer a pessoa que se ama. e isso ela se recusaria a fazer. por mais dolorosa que fosse a paixão, era a coisa mais preciosa que possuía.

Monday, July 04, 2016

recomeço

O vento arenoso arranhava a espinha. Maresia trazia o sabor da liberdade. A gravata já não sufocava esquecida ninguém sabe onde. O terno cinza, a camiseta branca, meias e sapatos, até mesmo a cueca, jaziam nas areias de Copacabana. Alguns curiosos estranhavam de longe o jovem empresário despido; associaram a nudez a algum distúrbio mental, loucos é que não faltavam no bairro. Uma senhora, indignada, pediu ao policial que tomasse providências, mas esse espiou o ponteiro do relógio indicando o fim do plantão e desconversou. O importado conversível, largado pelo empresário na beira da calçada, deslumbrava o segurança do pedaço: era o resumo de milhares de sonhos. Uma criança desentendida apontou para homem nu à beira-mar, a mãe fez-se de boba e partiu. A criança sentia e não entendia, enquanto a mãe entendia sem querer sentir.

            O jovem empresário estava livre disso tudo, desse mundo estranho. Há poucos minutos era a maior fortuna da cidade, mas, agora, decidido, não tinha mais pertences e por isso mesmo percebeu-se rico como nunca antes. Queria virar golfinho, queria não, o seria. Saturado duma vida ausente de sentidos, jogar-se-ia nas águas de Copacabana para ser golfinho. Loucura? Não. Louco é o prisioneiro de si mesmo. E foi ser feliz, e foi ser golfinho.

amor adolescente

Existe história mais linda de que um amor adolescente? Aquele frio na barriga na espera pelo toque do telefone; a magia de uma simples conversa no pátio escolar; a expectativa do primeiro beijo; o impulso de se trancar no quarto e ouvir aquela música que não sai da cabeça. O amor adulto constrói um futuro a dois; já o amor adolescente é infinito, é eterno, é imenso, é atemporal... enfim, é a magia da existência.

Thursday, June 30, 2016

você equivocado, eu robô

talvez, um dia desses, compreenderei o que você está afirmando. enquanto isso, continuarei repetindo, maquinalmente, que você está equivocado.

Monday, June 06, 2016

Tunga

Tunga é um daqueles artistas que só será compreendido daqui para frente. impossível decifrá-lo enquanto vivo. a complexidade do conjunto da obra que produziu está hoje além das nossas palavras. analisar uma obra de Tunga é um exercício de constrangimento; é se dar conta de que existem objetos que enxergam a nossa imaturidade.

Sunday, June 05, 2016

Meu querido irmão

Meu querido irmão era diferente. Comia com os dedos, cantava em idioma desconhecido, brincava com besouros, tomava banho de confetes, falava com as fadas, vestia a roupa ao contrário e fazia chá de grama. Meu querido irmão era um encanto de pessoa. Sempre sorridente, consolava a tristeza.

Certo dia uma junta médica decidiu por sua internação. Encheram-no de remédios, disseram que era para combater a doença. Meu querido irmão passou a comer de talheres e parou de cantar. Deixou os besouros de lado, esqueceu-se dos confetes e das fadas. Passou a vestir-se como a gente, que gente é essa, e nunca mais bebeu do chá de grama. Perdeu o sorriso; do consolo fez-se o silêncio.

Não demorou muito e meu querido irmão morreu. Disseram que foi da doença, mas eu sei, que os doentes somos nós.

Friday, June 03, 2016

amor adolescente

O amor costuma ser assunto adulto. Na contramão, eu penso: existe história mais linda de que um amor adolescente? Aquele frio na barriga na espera pelo toque do telefone; a magia de uma simples conversa no pátio escolar; a expectativa do primeiro beijo; se trancar no quarto e ouvir aquela música que não sai da cabeça. O amor adulto constrói um futuro a dois; o amor adolescente é a colorida essência do tudo: é imenso, infinito e atemporal.

Wednesday, June 01, 2016

a menina e o sapo

A menina solitária encontrou um livro colorido na rua. Era a história a Princesa e o Sapo. Depois de ler o livro, sonhou em encontrar um sapo para beijá-lo. Não que quisesse um príncipe, queria alguém especial. Alguém para dividir a vida. Não tinha amigos. A menina queria beijar um sapo, para que ele se transformasse num amigo. Alguém para fazer bolinhos de terra; alguém para rir e para abraçar. Onde a menina morava, não havia lagos nem riachos. Somente bueiros e valas. Durante algumas horas, procurou inutilmente por um sapo, desistiu. Já de noite na cama, abraçou o travesseiro e perguntou ao papai do céu porque era preciso beijar um sapo para conhecer alguém especial.

Saturday, May 28, 2016

Idade dos Anjos

Uma vez, quando muito jovem, quis me apaixonar. Foi numa tarde de primavera na colônia de férias. Os demais garotos participavam animados de uma partida de futebol, quando, na beira do campo, vi uma borboleta azul e quis me apaixonar. Fui a procura das meninas que brincavam de fazer louças de barro e não achei quem merecesse minha paixão. Desiludido, caminhei até um riacho próximo, para refletir sobre a vida. Foi quando encontrei uma linda princesa, sentada à beira d’água, chorando. Perguntei pela razão das lágrimas, e ela não soube explicar. Disse apenas que estava muito triste. Então, levantou-se e saiu correndo. No dia seguinte, retornei para casa e nunca mais ouvi falar da menina da beira do rio. Mas me apaixonei. E durante quatro anos pensei nela todas as noites antes de dormir. Hoje ainda lembro dela, consciente de tamanha ilusão. Queria vê-la novamente, na idade dos anjos.

Wednesday, May 25, 2016

Arte e o Governo

aos poucos, a Arte está retomando o lugar que lhe é destinado: o de questionar o sistema. a lua de mel entre Arte e Governo havia-se tornado tediosa. remetia aos tempos medievais, em que os artistas eram marionetes da Igreja e dos poderosos senhores.

a grandeza da Arte está em tirar a sociedade da inércia. a Arte deve sugerir incoerências onde o senso comum enxerga a perfeição. no Brasil dos últimos anos, a classe artística havia, paradoxalmente, escolhido o caminho oposto: apontava perfeição onde o senso comum percebia erros. ao invés de propor o movimento, a Arte estava propondo a estagnação.


assim, a gritaria de “é golpe” me agrada. mostra que os artistas estão retornando ao lugar que nunca deveriam ter deixado, à margem do sistema. espero que a atual angústia dos artistas se reflita em obras intrigantes, que possam nos levar a enxergar o mudo além das nossas convicções.

Sunday, May 15, 2016

a polêmica em torno da extinção do MinC

em meio ao alvoroço em torno da extinção do MinC, surge a importante pergunta sobre qual foi o rumo da cultura, no Brasil, na última década. afinal, o MinC foi tão perfeito assim? vejo dois extremos na dinâmica cultural brasileira: de um lado, os projetos e os eventos executados a partir de leis de incentivo fiscal; do outro, a decadência do patrimônio cultural, como o Museu Nacional da Quinta da Boa Vista e a Escola de Artes do Parque Lage. mesmo pertencendo o Parque Lage à administração estadual, não seria mais importante destinar verba pública federal à manutenção do espaço, ao invés de direcioná-la, através de leis de incentivo fiscal, a shows de cantores consagrados?

não existe, no Brasil, um projeto cultural; a manutenção do patrimônio histórico é esporádica. em todo Brasil, há construções coloniais caindo aos pedaços, e uma igreja precisa de sorte e de muitos pedidos de “por favor” para ser reformada. não se percebe uma agenda cultural. o MinC se tornou um grande carimbador de projetos de captação.

há cerca de dois anos, uma renomeada artista brasileira teve grande exposição cancelada no MAM. o motivo: embora ela constasse na agenda oficial das exposições, ela não conseguiu captar um patrocinador para a exposição. que política cultural é essa em que o espaço público obriga o artista a conseguir o patrocinador que, por sua vez, patrocinará a exposição com verba pública? não seria mais interessante o Governo recolher os impostos e direcioná-los ao Museu, para que o Museu tivesse total independência para montar exposições?

no Brasil, o repasse de verbas para importantes espaços culturais é abaixo do necessário. os museus federais, na maioria, sequer têm verba para a manutenção do prédio e do acervo permanente. assim, curadores, artistas e produtores culturais se estapeiam pelas verbas do incentivo fiscal, para a realização de exposições e de eventos. a disputa é grande, e quem vive das artes tem uma difícil rotina financeira. quando defendem o MinC, não o defendem por admiração. o defendem, pois temem que, sem o MinC, o cenário já difícil possa se tornar insustentável.

a discussão apropriada, no momento, não seria em torno da manutenção do MinC, mas em torno da reavaliação de toda a política cultural brasileira. é inconcebível que a Escola de Artes do Parque Lage e o Museu Nacional sofram com falta de verba, enquanto medalhões da música brasileira recebem verba pública para realização de shows. é imoral que igrejas coloniais caiam aos pedaços, enquanto livros e mais livros de importância cultural questionável são financiados através de leis de incentivo fiscal. por falar em livros, a Biblioteca Nacional é outra que vive a rotina da falta de verba. de que adianta um país fomentar novos livros, se esse mesmo país não disponibiliza verba para preservá-los na história? a gestão da cultura brasileira é um grande contrassenso.

Wednesday, May 11, 2016

o peixe e a flor

escrever sem saber onde chegar. uma trilha de lugar algum para o qualquerquês. palavras novas, pensamentos antigos. luz que ilumina os tornozelos e deixa os pés nas sombras. o que é uma ideia? o que são cinco peixinhos presos numa piscina natural? o fotógrafo quer registrá-los, o pescador pescá-los. a criança primeiro se encanta, depois, torce pelo pescador. perdem-se os peixes, fica o fundo de areia amarelada com cinco conchas vazias. alguém avisa que os peixes não são comestíveis, o pescador responde que isso não importa, o que importa é que pescou os peixes. que tal soltá-los, então? nem pensar, vou levá-los prá turma do bar, sempre dizem que eu não sei pescar. no canteiro brota uma florzinha desajeitada. torço para que nenhum rapaz enamorado a encontre, pelo menos, por enquanto. desejo que antes possa perfumar o mundo.

Tuesday, April 26, 2016

Quadrilha*

Dilma amava Cunha que amava Jean Wyllys que amava Bolsonaro que amava Maria do Rosário que não amava ninguém. Dilma foi para Cuba, Cunha para o convento, Jean Wyllys morreu de vergonha, Bolsonaro ficou para tio sukita, Maria do Rosário suicidou-se politicamente, e Temer, que não tinha entrado na história, virou presidente do Brasil.


(*seguindo poema de Carlos Drummond de Andrade)

Wednesday, March 30, 2016

o tempo é atemporal

o tempo é atemporal. essa aparente contradição é a razão da inverdade que impregna as relações humanas.

Tuesday, March 29, 2016

chego a conclusão que é fácil querer ser eterno; difícil é querer ser passageiro...

Thursday, January 07, 2016

mova o seu mundo

ainda há quem mova o mundo para devolver uma carteira perdida. há carros que dão a preferência aos pedestres. as vezes a lua brilha de dia. há mendigos que são apenas mendigos e ricos que são somente ricos. há quem faça um elogio sincero e há quem segure a crítica. existem praias despoluídas. há flores nas calçadas. há casais de idosos que andam de mãos dadas, e pessoas que dedicam a vida a ajudar animais desamparados. no youtube, ouço uma música que emociona; qual a música? tanto faz. encontre a sua. mova o seu mundo.