Na penumbra da janela, uma moça chora. Desfocados, os olhos
molhados buscam algum conforto na rua e só encontram espaços cinzentos. Ela
está só, e a solidão causa uma crescente angústia vazia. Mas o que realmente
incomoda a moça não é a solidão em si; o que entristece é que ela não consegue
pensar em ninguém com quem ela gostaria de dividir aquele vazio. É como se toda
alma do mundo vibrasse numa frequência diferente. Por mais doloroso que seja o
vazio no peito, a moça o considera demais precioso para dividi-lo com qualquer
um. E assim o vazio só aumenta. É um ciclo sem fim aparente: quanto mais o vazio
cresce, mais precioso se torna. A boa notícia é que chegará o dia em que o
vazio se tornará tão precioso que deixará de ser um vazio, para ser um forte
abraço quente no corpo e na alma. E, nesse dia, flores vão brotar nos canteiros
das esquinas. A solidão será uma lembrança terna, dum tempo em que a moça não
compreendia a própria essência. E haverá espaços para novos mundos, novas
conquistas e novos amores.
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