Friday, May 30, 2014

raízes

penso que hoje o grande problema do Brasil é a complexidade emocional que o país demanda dos brasileiros. não é a toa que vivemos uma onde de violência sem precedentes, seja nas manifestações enfurecidas, nos atos exaltados de grevistas, no roubo na esquina ou na banalização de desentendimentos entre vizinhos. o constante bombardeio por injustiças e corrupção, a decadência do sistema político, a inércia operacional do aparato público e a falência de setores primordiais, como educação e saúde, levam os brasileiros a uma exaustão emocional diária, que, não é a toa, transformaram-nos no maior consumidor de Rivotril do mundo.


qual a solução? mudar-se para fora do país não seria, também, uma forma de rivotrilar-se? ficar e estressar-se à exaustão não seria um desgaste desnecessário? creio que, quando tudo parece estar errado, a transformação está em curso. o desequilíbrio do meio é, talvez, a maior escola da alma humana. por isso, chega dessa conversa de sair do Brasil. aqui é o nosso lar. aqui é nossa escola da vida. árvore que cresce durante a tempestade cresce apta a enfrentar qualquer turbulência futura. o segredo é não descuidar das raízes. 

Friday, May 23, 2014

massa humana

quem conseguir por um instante quebrar qualquer vínculo prático ou emocional com o mundo perceberá que, apesar de tantos males, não há nada mais apaixonante que a massa humana. é na absoluta contradição que somos fascinantes. como fagulhas dum imenso fogo, na tentativa de preservar a madeira que as chamas consomem.

Sunday, May 18, 2014

porta para o novo

e de repente surge uma porta. vaga-se por semanas, meses, anos, sem encontrar saída, então, de forma aparentemente inexplicável, surge uma passagem. espia-se pela fechadura, e o novo arranca as entranhas da zona de conforto. o impulso é trancar a porta e apegar-se ao antigo, que, até então, não trazia atrativo algum, mas o antigo se dissolve e deixa somente duas opções: atravessar a porta e viver o novo ou permanecer e dissolver-se também.

Monday, May 12, 2014

tempo de retração (greve de ônibus e de professores)

voltemos, então, aos tempos do homem da caverna; sem ônibus, só nos resta ficar em casa, e, sem professores, às crianças também. da televisão se faça a nova alegoria da caverna, imagens do mundo nas paredes dos lares. existe solução? dentro do sistema, definitivamente não. quando o caos se consolida ao ponto de nos jogar de volta às opções primitivas dos primórdios, só nos resta descartar o universo que julgávamos compreender. é tempo de retração.