sempre que surge uma nova atração numa cidade turística, estabelece-se um tipo de estudo coletivo que definirá qual será o ângulo fotográfico padrão daquela atração. esse ângulo, então, será exaustivamente repetido em guias e em livros sobre a cidade, sites de turismo e em cartões postais. antigamente, tal processo era lento, mas, agora, que tudo é instantâneo, promete-se um resultado a curto prazo.
um exemplo de ângulo padrão é o Pão de Açúcar visto a partir do Mirante Dona Marta. agora, acompanho, com curiosidade, as milhares de fotos que são postadas por profissionais e amadores apaixonados do Museu do Amanhã. qual será o ângulo padrão do museu?
Wednesday, December 30, 2015
Sunday, December 20, 2015
aborto
o que é contraditório na proibição do aborto é que as mulheres ricas vão fazê-lo em países onde o aborto é legalizado, enquanto as pobres morrem na mão de um açougue. e mais contraditório ainda é que a mulher rica, muitas vezes, faz o aborto por simples opção, enquanto a pobre é obrigada, devido à precária situação financeira.
Sunday, December 06, 2015
a menina que roubava livros
estive pensando no romance “A menina que roubava livros”.
com tanta corrupção, a história de uma menina que rouba livros faz pensar. algum
brasileiro consideraria a menina uma ladra? dificilmente. mas ela roubava,
roubava livros.
roubar um livro é um movimento oposto à tudo que se vive
no Brasil: no Brasil, o conhecimento não tem valor. um livro representa o conhecimento,
e roubar algo sem valor carrega um ar de
romântica inocência.
escolas sucateadas, pesquisas sem verba, universidades
desmoronando e professores com salários humilhantes são alguns dos indicadores
de como o Brasil trata o conhecimento. na verdade não o trata, mas o destrata
de todas as maneiras possíveis e imagináveis.
o que isso tem a ver com o impeachment da Dilma? nada.
também não tem a ver com a figura de Cunha, com o lamaçal da Samarco ou com a
operação Lava Jato. uma menina que rouba um livro cai num terreno indefinido,
longe da fúria que nos divide, nem preto nem branco, nem Deus nem o diabo. é impossível
condená-la, e não se pode absolvê-la. é dessa neutralidade que transluz o imensurável
valor do conhecimento: ele é de todos, por isso, não pode ser roubado.
o conhecimento é o elemento objetivo que mais se aproxima
do amor. assim como o amor, o conhecimento dobra quando dividido. assim como o
amor, o conhecimento traz bem-estar por onde passa. assim como o amor, o
conhecimento (e agora parafraseio Gandhi) cura, nutre, une, entusiasma, faz nascer, alivia, materializa, motiva...
possibilita a vida.
Friday, December 04, 2015
precisamos, finalmente, ser realistas
ontem, oito viciados em crack brigavam frente à portaria de
meu prédio. liguei para a Guarda Municipal, disseram que eu precisava registrar
uma ocorrência pelo 1746, desisti. começou a chover, eles se foram,
provavelmente, para incomodar outra pessoa num local mais protegido. os viciados
em crack me incomodam, pois não vejo qualquer possibilidade de solução. estão
condenados.
lembro dos tempos em que o crack era proibido pelos
traficantes cariocas. dizia-se que protegiam os viciados duma droga absurdamente
destruidora. foi um tempo em que os traficantes, donos dos morros, carregavam o
título de protetor. a sociedade do asfalto via-lhes um benefício, pois,
supostamente, impediam assaltos nas redondezas. já nas comunidades, o benefício
era a manutenção da ordem, através de punições a estupradores e a ladrões de
galinha.
a lua de mel entre a sociedade e os traficantes terminou com o
filme Tropa de Elite. evidente que não foi o filme o responsável pela mudança
do paradigma, mas tratou-se de um catalizador, para que se enxergasse um problema
óbvio. o filme expôs a realidade dos morros dominados pelo tráfico: a relação
corrupta com parte da polícia e com algumas ONG’s, a exposição dos moradores a humilhações e a
tiroteios, o aliciamento de menores e a guerra sangrenta entre diversas facções.
oito anos se passaram desde o lançamento de Tropa de Elite,
e muita coisa mudou nos morros cariocas. criou-se as UPP’s, que afugentaram os
traficantes e, durante alguns anos, reduziram a criminalidade nos morros e nas
adjacências. a figura do menino de oito anos ostentando um fuzil
foi banida para os subúrbios distantes. muita coisa mudou, mas tudo está igual.
em 2007, viciados em crack também ocupavam a calçada da
minha rua. sumiram com a chegada das UPP’s, mas reapareceram. os tiroteios ocasionais
também retornaram, antes entre traficantes, agora, entre policias das UPP'S e traficantes
que voltaram ou tentam voltar. o comércio das drogas retornou de forma oculta. os
moradores, que antes se queixavam de abusos por parte dos traficantes, hoje, queixam-se de violência praticada por alguns policiais. a presença do estado continua
frágil nas comunidades carentes; embora houvesse alguns avanços iniciais, a
sonhada integração entre asfalto e morro jamais ocorreu.
2007, ano do lançamento do filme Tropa de Elite, foi um ano
de promessas otimistas. o Brasil foi selecionado para sediar a Copa do Mundo. o
Rio de Janeiro oficializou a candidatura para sediar as Olimpíadas. os índices
econômicos decolavam, a taxa de juros recuava a patamares recordes, o valor dos
imóveis se aproximou ao dos países do primeiro mundo, o crédito era farto, o
bolsa família operava milagres, a Petrobrás se transformava em símbolo da
competência nacional e o PAC prometia um futuro dourado – dourado como o Urso
de Ouro conquistado pelo próprio filme Tropa de Elite em Berlim.
hoje, quando olho para trás, percebo que nada piorou nos
últimos anos, pois nada havia melhorado. somente havíamos aplicado uma maquiagem na
maneira como enxergamos o Brasil, e a maquiagem derreteu. a Copa
do Mundo foi uma grande ilusão, os índices econômicos refletiam apenas o
otimismo da época, o alto valor dos imóveis era especulativo, o PAC uma
promessa, o bolsa família um tapa-buraco, a Petrobrás um devaneio e o cinema
brasileiro não conquistou o mundo. ninguém mais espera absolutamente nada das
Olimpíadas, pelo contrário, o evento é visto como um compromisso incômodo que
precisará ser cumprido. em 2007, víamos um futuro azul, agora acreditamos num
futuro barrento como o lamaçal da Barragem de Mariana.
éramos otimistas, agora somos pessimistas;
precisamos, finalmente, ser realistas.
Tuesday, November 24, 2015
noite de lua cheia
de repente sobressalta-me a vontade de escrever algo
positivo. é tanta queixa de todos os lados que temo pela existência do universo.
hoje é véspera de lua cheia. dá pra acreditar que há uma lua girando sobre o
mundo? certa vez, no Pantanal, eu dirigia sozinho por estradas de terra, por
campos e por areais, quando me perdi. tentei, a todo custo, encontrar o caminho
de volta para a fazenda que me hospedava, mas apenas me perdia mais e mais.
então encontrei um lago escondidinho, envolto pela mata densa, tomado por todas
as aves possíveis e imagináveis, de todas as cores e de diversos tamanhos. observei
aquele berço de absoluta beleza por alguns segundos e parti, com receio de que
minha simples presença pudesse violá-lo. há uma senhora abandonada num asilo
qualquer e para ela o milagre do universo se resumiria em ter companhia na hora
da novela. no calçadão de Copacabana, a garota de programa encerra o expediente
e joga conversa fora com o garçom do quiosque. ele lhe serve uma água de coco por
conta da casa, ela sorri e retoma a fé na humanidade. trago um poema de Carlos
Drummond de Andrade desde sempre no meu peito, como se fosse do próprio ar que
respiro. confesso que nunca lhe desvendei o significado. a beleza tem
dessas coisas; ao contrário das tragédias que nos atropelam com a insignificante
transitoriedade de tudo que julgamos importante, a verdadeira beleza não traz
qualquer impacto prático no cotidiano. é apenas um moleque descalço de sorriso
branco. certa vez, também no Pantanal, eu encontrei a onça-pintada na beira do
rio. a moça humilde está feliz, pois foi bem tratada no posto de saúde. duas
meninas dividem um bombom e batem par ou impar para ver quem fica com a parte
maior. e amanhã é noite de lua cheia.
Wednesday, November 11, 2015
no bar da esquina, pede-se outra rodada de chope
20hs. do outro lado da rua, um hotel. na altura dos meus
olhos, oitavo andar, um quarto se acende, e adentra um homem de terno azul
escuro. ele deita o paletó com zelo sobre a primeira das duas camas gigantes.
perde-se por alguns segundos num detalhe qualquer do quarto, caminha à janela. cerra
os olhos, respira, afrouxa a gravata. está exausto. retorna de um longo dia de
reuniões que, de repente, perdem sentido. os olhos buscam a rua e encontram a
vida do bar da esquina. o pensamento ameaça voltar a assuntos de trabalho, o
homem se recusa, desabotoa a camisa e massageia a própria nuca. ele fecha a
persiana, mas eu sei o que ele faz longe de meu olhar. ele retorna para o meio
do quarto, liga a televisão, senta-se sobre a cama próxima à janela, tira os
sapatos, escorrega o corpo até a cabeceira, ajeita uma almofada, encosta-se na
parede, agarra o controle remoto e pula de canal em canal até se perder no
absoluto nada.
eu sinto inveja daquele homem. queria estar nesse vazio que
segue a exaustão, cansado ao ponto de que nada mais tem relevância. meu cansaço
não sabe me esgotar por completo. no bar da esquina, pede-se outra rodada de
chope.
Wednesday, November 04, 2015
imensa pátria dos desenganados
eu gostaria de criar alguns países novos.
num deles, colocaria o Lula como presidente e Genuínios,
Dirceus e Delúbios como ministros. nesse país, poderiam morar todos aqueles que
ainda confiam nos caciques do PT e acham que tudo é mentira da oposição. seria
uma país do estado total, com nenhuma empresa privada. haveria bolsas de tudo
para todos, intercâmbios culturais com Cuba e um bloco econômico formado com os
vizinhos Venezuela e Bolívia. o dinheiro sem fim viria não se sabe donde. investigar
políticos por corrupção seria proibido.
no outro país, Cunha seria presidente e a bancada BBB (bala,
boi, bíblia) lhe auxiliaria. seria um país para todos aqueles que são contra a
liberdade excessiva das mulheres e os direitos civis dos homossexuais. nas
escolas, o ensinamento seguiria o conhecimento da bíblia. o porte de armas
seria liberado, e qualquer desavença se resolveria pessoalmente. não haveria
florestas, toda terra seria destinada à agropecuária, e os transgênicos
reinariam absolutos. políticos teriam direito a gratificações sobre a
rentabilidade de estatais, depositadas em contas na Suíça.
no terceiro país, Jean Wyllys seria o presidente e Gregório
Duvivier o pai da constituição. seria o país da liberdade dos oprimidos. policiais ficariam
presos e os ladrões policiariam as ruas, para compensar o fato de que são
vítimas duma sociedade hierárquica desigual com pressupostos humanitários
invertidos pela ganância do capital inescrupuloso. a maioridade penal passaria
dos 18 para os 81 anos. a profissão de babá seria extinta por decreto.
no quarto país, voltaríamos à ditadura. seria a pátria alegre
daqueles que tanto pedem o retorno dos militares. pronto, uma ditadura só para chamar
de sua. bandido bom seria bandido morto, e, talvez, o desenho do Bob Esponja fosse
banido da televisão, pois o personagem do Lula Molusco poderia ser um risco à
soberania nacional. nas escolas, nada de alunos desobedientes, solitária neles.
baderna, nunca mais. o termo maioridade penal inexistira. um recém-nascido poderia
ser responsabilizado por seus atos.
é claro, não me esqueci, haveria ainda o país governado por
Aécio. seria o paraíso das empresas privadas, tudo padrão Fifa, a prova viva de
que empresas privadas são de transparência exemplar. bicicletas seriam banidas
das ruas, e os carros recuperariam os espaços que as ciclovias usurparam. um
pool de cervejarias administraria escolas, universidades e empresas
de jornalismo. ao contrário do país governado por Lula, investigar políticos
seria sim permitido, desde que da oposição, é claro.
por fim, haveria um último país para todos aqueles que não
se enquadrassem nos outros. seria o país das sobras. um país em que ninguém
acreditasse que esse ou aquele discurso radical faz a mínima diferença. um país
em que as pessoas se dessem conta de que a educação, a honestidade e o respeito
ao próximo são os únicos pilares necessários a uma grande nação. acredito que esse
último país já exista há muito tempo: é a nossa imensa pátria dos desenganados.
Saturday, October 31, 2015
a solidão é o verdadeiro espelho
pensei na importância de se passar um tempo sozinho. a física provou que todo observador interfere no objeto observado. assim, quando em grupo, sofremos a projeção das outras pessoas e deixamos de ser apenas nós mesmos. é um fenômeno do qual é impossível fugir, pois trata-se duma lei da física. somente quando sozinhos é que percebemos quem nós realmente somos. a solidão é o verdadeiro espelho.
Wednesday, October 14, 2015
Deus reside na ausência de Deus
tive pensando na natureza do milagre e percebi que o
divino traz essa contradição; quanto mais nos afastamos do divino, mais nos
aproximamos do milagre; a natureza do milagre reside no impossível. água no
deserto é milagre, água na floresta não. o milagre exige, portanto, a
existência da imperfeição, da tormenta, do sofrimento. o aleijado só volta a
andar por ser aleijado. o doente precisa do milagre, o saudável não. é justamente
aqui que resida a contradição; o milagre é a mais forte manifestação do divino,
o que significada dizer que o divino se manifesta, com força absoluta, somente na
falta do divino. com outras palavras, a grandeza de Deus reside na ausência de
Deus. é um pensamento assustador e encorajador ao mesmo tempo; pois quanto mais
o pensamento assusta, mais ele aproxima de Deus.
Thursday, October 08, 2015
um perigo chamado Uber
fazia tempo que eu não bebia leite. estava com sede. alcancei um pacote na geladeira e tomei um copo. havia-me esquecido de como nosso leite é ruim. quantos não foram os escândalos, nos últimos anos, de leite adulterado? meu celular tocou. atendi a ligação, que imediatamente caiu. o meu celular está fora da área de cobertura, nenhum sinal, nada. não deveria, estou na cozinha, no mesmo lugar em que já telefonei tantas vezes antes.
penso no meu carro, que custa o triplo dos carros de tantos outros países e tem a metade da qualidade. lembro que tenho um compromisso. desço para a rua e pego um táxi. dou azar; é um daqueles em que tudo está errado. penso no serviço Uber, que, aos poucos, está sendo proibido em todo Brasil. tivemos um serviço de qualidade durante alguns meses e agora teremos que abrir mão da qualidade, para voltar aos velhos problemas de sempre.
e, de repente, dou-me conta de que o problema não é o Uber. nunca foi. a questão central é a qualidade. as instituições brasileiras repudiam a qualidade. se o Uber fosse um serviço made in China, com todos os problemas possíveis e imagináveis, seria autorizado. afinal, por um acaso o governo se importa com a concorrência desleal que o mercado brasileiro sofre quando é inundado com falsificações? em toda esquina vendem-se produtos chineses. garanto que tiram mais empregos que supostamente o Uber tiraria dos taxistas.
as filas nas agências bancárias são intermináveis, nos correios nem se fala. nos ônibus é aquele desespero que todos nós conhecemos bem. as companhias áreas são um caos, e os aeroportos lembram rodoviárias do interior. as estradas são fábricas de acidentes. os hospitais são desumanos. o futebol virou chacota mundial. a segurança pública é um projeto sem projeto, resume-se a estatísticas de criminalidade.
então, imaginem o problema que é um serviço como o Uber para o Brasil. de repente, existe algo que funciona, algo impecável, moderno e respeitoso. um serviço assim faz o cidadão acostumar-se à qualidade, faz o sujeito pensar, torna-o exigente. comparações da ordem – se o Uber funciona, por que as operadoras de celular não funcionam? – serão inevitáveis. é uma bomba relógio esse Uber. hoje o cidadão quer um táxi perfeito, amanhã ele quer um hospital perfeito, finalmente ele exigirá políticos perfeitos... não, isso não, tudo menos isso, que perigo! melhor cortar o mal pela raiz. melhor proibir o Uber de uma vez por todas.
penso no meu carro, que custa o triplo dos carros de tantos outros países e tem a metade da qualidade. lembro que tenho um compromisso. desço para a rua e pego um táxi. dou azar; é um daqueles em que tudo está errado. penso no serviço Uber, que, aos poucos, está sendo proibido em todo Brasil. tivemos um serviço de qualidade durante alguns meses e agora teremos que abrir mão da qualidade, para voltar aos velhos problemas de sempre.
e, de repente, dou-me conta de que o problema não é o Uber. nunca foi. a questão central é a qualidade. as instituições brasileiras repudiam a qualidade. se o Uber fosse um serviço made in China, com todos os problemas possíveis e imagináveis, seria autorizado. afinal, por um acaso o governo se importa com a concorrência desleal que o mercado brasileiro sofre quando é inundado com falsificações? em toda esquina vendem-se produtos chineses. garanto que tiram mais empregos que supostamente o Uber tiraria dos taxistas.
as filas nas agências bancárias são intermináveis, nos correios nem se fala. nos ônibus é aquele desespero que todos nós conhecemos bem. as companhias áreas são um caos, e os aeroportos lembram rodoviárias do interior. as estradas são fábricas de acidentes. os hospitais são desumanos. o futebol virou chacota mundial. a segurança pública é um projeto sem projeto, resume-se a estatísticas de criminalidade.
então, imaginem o problema que é um serviço como o Uber para o Brasil. de repente, existe algo que funciona, algo impecável, moderno e respeitoso. um serviço assim faz o cidadão acostumar-se à qualidade, faz o sujeito pensar, torna-o exigente. comparações da ordem – se o Uber funciona, por que as operadoras de celular não funcionam? – serão inevitáveis. é uma bomba relógio esse Uber. hoje o cidadão quer um táxi perfeito, amanhã ele quer um hospital perfeito, finalmente ele exigirá políticos perfeitos... não, isso não, tudo menos isso, que perigo! melhor cortar o mal pela raiz. melhor proibir o Uber de uma vez por todas.
Tuesday, October 06, 2015
chuva em Copacabana
a chuva é um paradoxo, é ruído que traz silêncio. o sossego da chuva me fascina. ela rompe e a cidade respira, buzinas se calam, obras paralisam, o burburinho se abriga no boteco. aqui em Copacabana a chuva é única capaz de impor silêncio. sem autoritarismo; é o abraço da mãe que serena a histeria do bebê.
Friday, October 02, 2015
o PM e Harry Potter
Minha primeira reação ao ler sobre o policial militar e dublador de Harry Potter, morto quando patrulhava uma comunidade, foi: que raios o dublador de Harry Potter estava fazendo de PM num tiroteio com bandidos. Por que ele era policial? Por que ele não se dedicava à profissão de dublador integralmente? Que louco, pensei.
Então, aos poucos, dei-me conta de como os policiais militares são desumanizados. A sociedade esquece que, por trás de cada PM, existe uma alma que sonha e deseja, que faz planos, que se aventura por outros territórios, que gosta de cantar, cozinhar, jogar futebol e de pescar, que leva os filhos ao cinema, que se irrita com os rumos políticos do país e que tem paixão por bichos de estimação. Alguns são vegetarianos, outros militantes dos direitos da mulher, outros ainda praticam yoga e meditação. Há os chatos que discutem todo assunto com exagerada veemência e há os que aprenderam a valorizar o silêncio. Muitos têm problema de colesterol, muitos outros se gabam de excelente saúde. E aqueles que fazem regime e querem convencer os outros a emagrecer também? E quantos já sonharam em ser ator e receber um Oscar? O soldado Caio Cesar Ignácio Cardoso de Melo, dublador de Harry Potter, deve tê-lo sonhado, enquanto assistia no cinema, cercado de familiares, à estreia do famoso bruxinho. Fechou os olhos por um instante e se viu na famosa premiação, recebendo o Oscar fictício de melhor dublador. Imaginem qual foi sua emoção; imaginem o orgulho dos parentes. Qualquer um de nós teria se emocionado, de maneira igual, numa estreia tão importante.
Esse texto não fala da violência que os policias sofrem no dia a dia. Esse texto fala da violência que eles sofrem por ninguém lhes enxergar a alma humana. A opinião pública os isolou numa categoria de estatística, em que um certo número de uma sigla impessoal (PM) morre anualmente em confronto. É preciso entender que, por trás da sigla PM, existe um ser humano. E, quando morre um ser humano, morre um sonho e morre uma esperança.
Espero que, um dia, possamos olhar para nossos policias militares e entender que são somente pessoas perseguindo objetivos, assim como todos nós; que ser policial seja uma escolha como tantas outras, entre médicos, advogados, professores, garis e jornalistas; que possamos entender, sem estranhamento, que o dublador de Harry Potter tenha escolhido ser um PM.
Alguns vão dizer que meu texto faz uma abordagem poética dos policiais. Eu respondo que o soldado Caio Cesar Ignácio Cardoso de Melo me mostrou que há poesia na polícia. Que somos todos apenas seres humanos, inseridos nos mais variados contextos, que convergem para uma só realidade, essa insana loucura social chamada Brasil. (fotos: internet)
Então, aos poucos, dei-me conta de como os policiais militares são desumanizados. A sociedade esquece que, por trás de cada PM, existe uma alma que sonha e deseja, que faz planos, que se aventura por outros territórios, que gosta de cantar, cozinhar, jogar futebol e de pescar, que leva os filhos ao cinema, que se irrita com os rumos políticos do país e que tem paixão por bichos de estimação. Alguns são vegetarianos, outros militantes dos direitos da mulher, outros ainda praticam yoga e meditação. Há os chatos que discutem todo assunto com exagerada veemência e há os que aprenderam a valorizar o silêncio. Muitos têm problema de colesterol, muitos outros se gabam de excelente saúde. E aqueles que fazem regime e querem convencer os outros a emagrecer também? E quantos já sonharam em ser ator e receber um Oscar? O soldado Caio Cesar Ignácio Cardoso de Melo, dublador de Harry Potter, deve tê-lo sonhado, enquanto assistia no cinema, cercado de familiares, à estreia do famoso bruxinho. Fechou os olhos por um instante e se viu na famosa premiação, recebendo o Oscar fictício de melhor dublador. Imaginem qual foi sua emoção; imaginem o orgulho dos parentes. Qualquer um de nós teria se emocionado, de maneira igual, numa estreia tão importante.
Esse texto não fala da violência que os policias sofrem no dia a dia. Esse texto fala da violência que eles sofrem por ninguém lhes enxergar a alma humana. A opinião pública os isolou numa categoria de estatística, em que um certo número de uma sigla impessoal (PM) morre anualmente em confronto. É preciso entender que, por trás da sigla PM, existe um ser humano. E, quando morre um ser humano, morre um sonho e morre uma esperança.
Espero que, um dia, possamos olhar para nossos policias militares e entender que são somente pessoas perseguindo objetivos, assim como todos nós; que ser policial seja uma escolha como tantas outras, entre médicos, advogados, professores, garis e jornalistas; que possamos entender, sem estranhamento, que o dublador de Harry Potter tenha escolhido ser um PM.
Alguns vão dizer que meu texto faz uma abordagem poética dos policiais. Eu respondo que o soldado Caio Cesar Ignácio Cardoso de Melo me mostrou que há poesia na polícia. Que somos todos apenas seres humanos, inseridos nos mais variados contextos, que convergem para uma só realidade, essa insana loucura social chamada Brasil. (fotos: internet)
Tuesday, September 22, 2015
como pôr fim aos arrastões no Rio de Janeiro
em alguns países, como na Nova Zelândia, a participação de civis no combate ao crime é comum. são as “Community Patrols” – patrulhas comunitárias. ao contrário de justiceiros desvairados, elas atuam com o objetivo de auxiliar a polícia no combate ao crime. há diversas maneiras da sociedade civil agir contra os arrastões sem partir para a ignorância: fazer filmagens que identifiquem os infratores e convencer as vítimas a registrar ocorrência; estabelecer um canal direto de comunicação com a PM; observar os ônibus e chamar a PM em casos suspeitos. no pior dos cenários, caso seja preciso intervir fisicamente e um delinquente seja pego, a solução seria somente imobilizá-lo até a chegada da polícia.
além disso, é preciso investir pesado em cultura e em lazer nas áreas de origem dos jovens que cometem os arrastões. o que leva um jovem a cruzar a cidade de ônibus, numa longa viagem, para tocar o terror na Zona Sul? na minha opinião é, entre outros, a total falta do que fazer. praticamente todo domingo, há grandes eventos em Copacabana, que atraem, além dos frequentadores habituais, ainda mais pessoas à orla. por que não fazer esses eventos na Zona Norte? por que não promover shows musicais gratuitos no Engenhão nos finas de semana? Estado e Prefeitura deveriam investir em quadras esportivas nas regiões carentes, com espaços para churrasqueiras e com direito a chuveirões para espantar o calor.
há soluções pacificas possíveis para pôr fim à onda de arrastões, mas é preciso se mobilizar. sinto que muita coisa básica foi deixada de lado para que se realizasse primeiro a Copa do Mundo e depois o Projeto Olímpico. agora, é preciso recuperar o tempo perdido, com urgência.
Thursday, September 17, 2015
a arte e o artista
até pouco tempo, o artista era o meio para se criar uma obra de arte. hoje, cada vez mais, é a obra de arte que serve de meio para se criar um artista
Sunday, August 23, 2015
o medo e a pressa
corre quem tem medo, e corre quem tem pressa. seria a pressa o medo camuflado? ou seria o medo apenas uma simples pressa.
Thursday, August 20, 2015
Big Bang e o grande mistério
penso que o grande mistério do Big Bang é relativo àquilo que o antecedeu. qual foi o movimento que desencadeou a trajetória das partículas que iniciaram o Big Bang? quais eram as leis da física que regiam essas partículas? a atual experiência do acelerador de partículas feita pelo Cern parte, inevitavelmente, da condição de universo regido pelas regras pós Big Bang. por mais que se tente neutralizar o ambiente do experimento, nós, a humanidade, que fazemos o experimento, carregamos as leis pós Big Bang em cada átomo do corpo.
Tuesday, August 18, 2015
árvore na sombra
Na sombra dum morro havia um coqueiro que não crescia. Certo
dia o coqueiro, ressentido, perguntou à mãe terra o motivo de não crescer. A
mãe terra respondeu “o destino da árvore é prover o mundo de sombra, assim, uma
árvore na sombra não faz qualquer sentido.”
Monday, August 10, 2015
tropeço
lendo outro post que ridiculariza erros de português no
facebook,
concluo:
só tropeça quem anda
só tropessa quem escreve
Monday, July 27, 2015
certezas
hoje, o que mais me desalenta são pessoas com certeza absoluta. certeza do PT, do PSDB, do Uber, dos táxis, da religião, da não religião, do regime, do vegetarianismo, da carne, das drogas, das proibições, dos menores, dos maiores, da política econômica, do consumo, do aquecimento global, do desmatamento, da poluição, da gravidade, da inimportância, das bicicletas, dos carros, da distância e do horizonte. há pessoas com certezas que ultrapassam a possibilidade da verdade, pois mesmo a verdade tem limites. o vento espalha sementes e chamas. a água nutre e afoga, afaga e congela. a noite é luz da coruja. crianças são crianças, algumas são adultos, adultos são crianças. e as certezas a quem pertencem, aos adultos ou às crianças?
Thursday, July 23, 2015
seu segredo
há algo que você nunca contou para ninguém. um segredo que você aperta, que você abraça, que você segura em cada suspiro, em cada palavra, gesto e mesmo em cada pensamento. um segredo tão secreto que você mesmo só o conhece pela metade. preste atenção, este segredo é quem você é. deixe-o ir pelo mundo e vá junto. descubra-se.
Thursday, July 09, 2015
maioridade penal: quem se beneficia?
o que as pessoas não conseguem entender, que, ao berrarem contra a redução da maioridade penal, de fato, levam milhares de adolescentes ao crime. é fato comprovado que organizações criminosas se aproveitam da imputabilidade dos jovens para atribuí-lhes funções bem renumeradas, em que há grande risco de prisão. então, antes de assumir posição contrária, a pessoa deveria refletir se está realmente defendendo a juventude ou se está apenas agarrada a uma ideologia de aparência nobre, mas de consequências graves para aqueles que o ideal supostamente favorece. a pergunta é: a luta é pelos jovens ou pela defesa de um ponto de vista, de uma verdade própria baseada num sistema de crenças?
Tuesday, July 07, 2015
ter coragem
tive pensando: os verdadeiros valentes não são os corajosos, mas os medrosos. é fácil superar obstáculos com coragem, difícil é fazê-lo com medo. assim, concluo, que o verdadeiro corajoso, por essência, precisa ser medroso, pois viver com medo requer um coragem que o corajoso destemido nunca experimentará.
Sunday, July 05, 2015
ler é escalar montanhas
Ler um livro é escalar uma montanha. Toda leitura é motivo
de satisfação efetuada. Assim como no cimo do monte a alma encontra grandeza
redonda, o livro que se finaliza abra a porta não letrada para um novo
horizonte. Algumas escaladas são fáceis, mesmo quando a distância é muita,
outros livros, fininhos, conduzem a uma inesperada exaustão. Trago nas memórias
da infância o mesmo valor de orgulho dos primeiros livros que completei e das
primeiras montanhas que subi. Há algo num livro que remete a alturas esticadas,
olhar alongado de quem alcançou o cume do mundo.
Friday, April 24, 2015
eterno
chego a conclusão de que tudo é o oposto do que sempre
acreditei, tudo é eterno. cresci ouvindo que tudo era passageiro, mas de
repente me deparo com a eternidade na essência de cada gesto, de cada movimento
e de cada conduta. minhas relações, experiências, expectativas, frustrações e
verdades são frutos da eternidade. sou eterno e na eternidade encontro a paz.
Tuesday, March 24, 2015
o polêmico caso de Anglina Jolie
o polêmico caso de Angelina Jolie
Primeiro foram os seios, agora os ovários e as trompas. Numa suposta medida para evitar o câncer, Angelina retira seios e órgãos reprodutivos. Tudo respaldado em moderníssimos exames, que comprovariam que ela tinha 87% de chances de desenvolver câncer.
É curioso que esses exames existem para promover uma cirurgia. Pensem bem: se esse exame existisse para câncer de pulmão, qual seria a solução? Retirar o pulmão? E para o fígado, os ossos, a medula e o cérebro? O que se faria? Não é possível desossar uma pessoa por causa de uma probabilidade de câncer nos ossos. Não é possível retirar cérebro nem fígado. Aliás, se esse exame fosse realizado em homens, para detectar a possibilidade de câncer nos testículos ou na próstata, algum homem retiraria esses órgãos na certeza (ou no risco) de ficar impotente? Acho que mesmo se um exame desse 99% de probabilidade, um homem não retiraria os testículos em função de uma probabilidade. Então, por que a mulher deve retirar os seios e os ovários em função de uma suposta probabilidade?
É fundamental que a indústria da medicina tenha liberdade para pesquisar e para desenvolver metodologias, mas é tão fundamental quanto que se discuta os desdobramentos éticos das metodologias. Desenvolver um exame que induz à retirada de seios e de órgãos reprodutivos das mulheres me parece no mínimo polêmico. O câncer é, até hoje, um dos mistérios da medicina. Existem probabilidades e há estudos que ligam genes a essas probabilidades, mas também há estudos, de importância igual, que ligam o modo de vida ao surgimento de câncer. Quem mora numa cidade poluída, quem fuma, quem se alimenta com fast-food, quem come muito açúcar, quem usa drogas inibidoras do sistema imunológico, quem dorme pouco, quem se estressa no trabalho, quem tem muitos problemas pessoais, quem usa muitos cosméticos, cremes e outros produtos químicos, quem vai pouco ao sol e quem faz pouco exercício físico tem uma probabilidade absurdamente maior de desenvolver câncer que uma pessoa com hábitos considerados saudáveis. Não seria mais interessante usar as pesquisas genéticas nesse sentido? Dizer à mulher: olha, você tem, teoricamente, uma probabilidade maior de contrair câncer, assim, é muito importante que você tenha uma rotina saudável e faça exames de rotina.
O que mais me incomoda nessa questão específica é que se trata duma intervenção violenta, aplicada à mulher e justamente à sexualidade da mulher. Ataca-se a reprodução feminina. Vejo vestígios duma sociedade casta e moralista nesse procedimento, a crença de que a sexualidade feminina leva à degradação. Ninguém corta o saco dum homem por probabilidade de câncer, mas arranca-se os seios da mulher na maior naturalidade. A virilidade do homem é tão importante quanto o pulmão, porque a reprodução feminina não o seria? Conheço mulheres que tiveram câncer e retiraram os seios. A grande maioria está super bem e se livrou 100% do problema. O importante é que fizeram exames preventivos. Agora, antecipar-se ao câncer retirando seios, ovários e trompas, porque a indústria desenvolveu um suposto teste de probabilidade é insano. É um desrespeito à mulher. É dizer que os órgãos reprodutores e os seios são dispensáveis. É reduzir à mulher. É um desenvolvimento covarde da medicina.
observação (25/3/2015): respeito 100% a opção de Angelina. é um direito dela decidir sobre o próprio corpo. preocupa-me apenas que outras mulheres possam ser induzidas, por esses exames e pela divulgação na mídia, a tomar a mesma decisão extrema, quando existem outros caminhos e quando se trata apenas de probabilidade. probabilidade não é fato, e cálculo de probabilidade, quando se trata de doenças e de curas, é um dos campos mais polêmicos que existem na medicina. mas repito: cada mulher faz o que quer.
Primeiro foram os seios, agora os ovários e as trompas. Numa suposta medida para evitar o câncer, Angelina retira seios e órgãos reprodutivos. Tudo respaldado em moderníssimos exames, que comprovariam que ela tinha 87% de chances de desenvolver câncer.
É curioso que esses exames existem para promover uma cirurgia. Pensem bem: se esse exame existisse para câncer de pulmão, qual seria a solução? Retirar o pulmão? E para o fígado, os ossos, a medula e o cérebro? O que se faria? Não é possível desossar uma pessoa por causa de uma probabilidade de câncer nos ossos. Não é possível retirar cérebro nem fígado. Aliás, se esse exame fosse realizado em homens, para detectar a possibilidade de câncer nos testículos ou na próstata, algum homem retiraria esses órgãos na certeza (ou no risco) de ficar impotente? Acho que mesmo se um exame desse 99% de probabilidade, um homem não retiraria os testículos em função de uma probabilidade. Então, por que a mulher deve retirar os seios e os ovários em função de uma suposta probabilidade?
É fundamental que a indústria da medicina tenha liberdade para pesquisar e para desenvolver metodologias, mas é tão fundamental quanto que se discuta os desdobramentos éticos das metodologias. Desenvolver um exame que induz à retirada de seios e de órgãos reprodutivos das mulheres me parece no mínimo polêmico. O câncer é, até hoje, um dos mistérios da medicina. Existem probabilidades e há estudos que ligam genes a essas probabilidades, mas também há estudos, de importância igual, que ligam o modo de vida ao surgimento de câncer. Quem mora numa cidade poluída, quem fuma, quem se alimenta com fast-food, quem come muito açúcar, quem usa drogas inibidoras do sistema imunológico, quem dorme pouco, quem se estressa no trabalho, quem tem muitos problemas pessoais, quem usa muitos cosméticos, cremes e outros produtos químicos, quem vai pouco ao sol e quem faz pouco exercício físico tem uma probabilidade absurdamente maior de desenvolver câncer que uma pessoa com hábitos considerados saudáveis. Não seria mais interessante usar as pesquisas genéticas nesse sentido? Dizer à mulher: olha, você tem, teoricamente, uma probabilidade maior de contrair câncer, assim, é muito importante que você tenha uma rotina saudável e faça exames de rotina.
O que mais me incomoda nessa questão específica é que se trata duma intervenção violenta, aplicada à mulher e justamente à sexualidade da mulher. Ataca-se a reprodução feminina. Vejo vestígios duma sociedade casta e moralista nesse procedimento, a crença de que a sexualidade feminina leva à degradação. Ninguém corta o saco dum homem por probabilidade de câncer, mas arranca-se os seios da mulher na maior naturalidade. A virilidade do homem é tão importante quanto o pulmão, porque a reprodução feminina não o seria? Conheço mulheres que tiveram câncer e retiraram os seios. A grande maioria está super bem e se livrou 100% do problema. O importante é que fizeram exames preventivos. Agora, antecipar-se ao câncer retirando seios, ovários e trompas, porque a indústria desenvolveu um suposto teste de probabilidade é insano. É um desrespeito à mulher. É dizer que os órgãos reprodutores e os seios são dispensáveis. É reduzir à mulher. É um desenvolvimento covarde da medicina.
observação (25/3/2015): respeito 100% a opção de Angelina. é um direito dela decidir sobre o próprio corpo. preocupa-me apenas que outras mulheres possam ser induzidas, por esses exames e pela divulgação na mídia, a tomar a mesma decisão extrema, quando existem outros caminhos e quando se trata apenas de probabilidade. probabilidade não é fato, e cálculo de probabilidade, quando se trata de doenças e de curas, é um dos campos mais polêmicos que existem na medicina. mas repito: cada mulher faz o que quer.
Sunday, March 15, 2015
manifestações de 15 de Março de 2015
o que não se pode, de maneira alguma, é reprimir as pessoas que hoje foram as ruas para protestar. a manifestação é um direito legítimo, absoluto e intocável numa democracia. negar esse direito, ao afirmar que os manifestantes incentivam um golpe, é viver a realidade do golpe, que se caracteriza, justamente, pela proibição da livre manifestação.
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