estive pensando no romance “A menina que roubava livros”.
com tanta corrupção, a história de uma menina que rouba livros faz pensar. algum
brasileiro consideraria a menina uma ladra? dificilmente. mas ela roubava,
roubava livros.
roubar um livro é um movimento oposto à tudo que se vive
no Brasil: no Brasil, o conhecimento não tem valor. um livro representa o conhecimento,
e roubar algo sem valor carrega um ar de
romântica inocência.
escolas sucateadas, pesquisas sem verba, universidades
desmoronando e professores com salários humilhantes são alguns dos indicadores
de como o Brasil trata o conhecimento. na verdade não o trata, mas o destrata
de todas as maneiras possíveis e imagináveis.
o que isso tem a ver com o impeachment da Dilma? nada.
também não tem a ver com a figura de Cunha, com o lamaçal da Samarco ou com a
operação Lava Jato. uma menina que rouba um livro cai num terreno indefinido,
longe da fúria que nos divide, nem preto nem branco, nem Deus nem o diabo. é impossível
condená-la, e não se pode absolvê-la. é dessa neutralidade que transluz o imensurável
valor do conhecimento: ele é de todos, por isso, não pode ser roubado.
o conhecimento é o elemento objetivo que mais se aproxima
do amor. assim como o amor, o conhecimento dobra quando dividido. assim como o
amor, o conhecimento traz bem-estar por onde passa. assim como o amor, o
conhecimento (e agora parafraseio Gandhi) cura, nutre, une, entusiasma, faz nascer, alivia, materializa, motiva...
possibilita a vida.
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