Corro na beira do mar e sinto o universo grunhindo sob os
meus pés. A terna espuma branca me guia pela noite. Alguns casais namoram longe
dos postes da calçada, e sentem-se invadidos quando passo por eles. Finjo
ignorá-los, para que possam se eternizar nos braços um do outro. A cidade
ilude, a maresia alerta. Sigo correndo. Percebo uma luz na escuridão do mar e imagino
um navegante perdido no horizonte negro. Paro e respiro. Sinto o coração se
acelerar no céu da boca. De um lado, as milhares de luzes da cidade, do outro,
a luz do navegante solitário. Quem corre risco de se perder? Nós na cidade ou ele
em alto-mar? Penso que já me perdi há muito tempo e que preciso ter meu próprio
barco, para me encontrar. Velejar pelas verdades do mundo, longe dos holofotes da
vaidade.
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