Ela nunca se esquecerá daquele sonho estranho com um avião.
Viajava num imenso jato particular. O avião, de tão gigante, poderia
transportar milhões de pessoas, mas ela era passageira única. Certa hora, ela
olhou pela janela e viu uma multidão de pessoas famintas, pedindo uma carona,
implorando por salvação. Então ela mesma se transformou no avião. Querendo
ajudar os milhares de famintos, ela tentou aterrissar, mas uma violenta
turbulência impediu que pousasse, e a multidão inteira começou a chorar. Despertou
do sonho de coração partido. Caminhou até a janela e observou a rua calada na
madrugada chuvosa. Havia um mendigo passando frio em baixo de uma marquise.
Quis lhe levar um cobertor, mas teve receio de descer para a rua, sozinha, no
escuro. Sentiu-se impotente; havia tanto a fazer pelos outros, sem que ela, de
fato, conseguisse fazer. Naquela noite ela descobriu que ajudar os menos
favorecidos não é uma simples questão de ter um bom coração: ajudar é um
caminho espinhoso.
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