Quando criança, ela sonhava em ser cantora. Fazia
apresentações para os adultos, imitando a estrela do momento. Depois, no início
da adolescência, sonhou em ser modelo. Era um sonho um pouco mais sério que o
de ser cantora. Reclusa em seu quarto, longe de olhares estranhos, desfilava na
frente do espelho e se imaginava nas passarelas do mundo. Finalmente, já quase adulta,
sonhou em ser atriz. Repetia os diálogos das telenovelas e se entregava
ofegante nas cenas de beijo. Os anos correram, a vida enveredou por caminhos
inesperados; dos sonhos de fama fez-se a realidade do sustento diário. Hoje,
quando ela pensa para trás, um sorriso sincero quebra a dureza rotineira. Ela
se dá conta de que foi primeiro cantora, depois modelo, então atriz. Ninguém,
jamais, há de nos tirar os sonhos, ela percebe. E, às vezes, de noite após uma
longa jornada de trabalho, ela fecha os olhos e se enxerga nos mesmos palcos em
que foi estrela quando na idade dos sonhos. Os holofotes imaginários ofuscam
qualquer frustração. Livre ela se sente, pois livre ela é: a felicidade é uma
casa sem paredes.
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