apague as luzes, baixe as persianas, cerre as cortinas,
para acender uma vela na mesa de jantar. esqueça-se da cidade, do faz de conta
urbano, e prenda a atenção na chama, que dança no vai e vem do seu pulmão. deixe
o tempo ser um fluxo constante e indivisível, antagônico a segundos, minutos e
horas, que, sabe-se lá quando, impuseram um ritmo à percepção humana. sinta seu
lar; a estante com estranhos objetos, o sofá surrado, a mesa de centro com alguns
livros que ninguém lembra se algum dia folheou. veja o reflexo da vela no
lustre apagado, e tente recordar quando ou por que escolheu-se aquele lustre.
repare na tevê desligada para concluir que sim, muitas vezes, ela é querida
companheira. todo esse conjunto é você. a paz de sua sala, iluminada por uma
simples vela, é a sua paz. lá fora, um carro buzina, já não incomoda.
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