Meu querido irmão era diferente. Comia com os dedos, cantava em idioma desconhecido, brincava com besouros, tomava banho de confetes, falava com as fadas, vestia a roupa ao contrário e fazia chá de grama. Meu querido irmão era um encanto de pessoa. Sempre sorridente, consolava a tristeza.
Certo dia uma junta médica decidiu por sua internação. Encheram-no de remédios, disseram que era para combater a doença. Meu querido irmão passou a comer de talheres e parou de cantar. Deixou os besouros de lado, esqueceu-se dos confetes e das fadas. Passou a vestir-se como a gente, que gente é essa, e nunca mais bebeu do chá de grama. Perdeu o sorriso; do consolo fez-se o silêncio.
Não demorou muito e meu querido irmão morreu. Disseram que foi da doença, mas eu sei, que os doentes somos nós.
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