é evidente que sou contra a depredação do espaço público,
de ônibus e de agências bancárias. todos nós somos. se as manifestações
continuarem do jeito que estão, haverá feridos e, talvez, até mortos, o que
precisa ser evitado a todo custo. tanto a polícia como os manifestantes devem
conter os ânimos e buscar minimizar os prejuízos.
dito isso, é fato ser quase impossível conter a revolta
de uma multidão. assim, o bom senso deve partir dos governantes e comandantes
da polícia. o Governador de São Paulo deve parar de acusar os manifestantes de vândalos,
ter humildade e perceber que a população está descontente.
ninguém ali está protestando, realmente, contra o aumento
da passagem de ônibus. o aumento das tarifas é somente o estopim da revolta. a
população sentiu o custo de vida subir, gradativamente, nos últimos anos, sem
que os salários acompanhassem a alta dos preços. anualmente, vereadores, juízes
e outros funcionários públicos do alto escalão aumentam seus salários e se
concedem novos benefício, enquanto a população recebe aumentos irrisórios.
ao mesmo tempo, há sucessivos escândalos de corrupção,
sem que os culpados sejam responsabilizados. alguma hora, é óbvio, a corda da
tolerância se estica e arrebenta, resultando no que estamos vendo: pessoas
dispostas a enfrentar a força policial por uma diferença de 20 centavos na
passagem de ônibus.
o que os governantes, vereadores e altos funcionários públicos
podem fazer para conter os ânimos? descer do pedestal. cortar benefícios luxuosos
como carrões com motoristas, passagens áreas, auxílio moradia e,
principalmente, salários de marajás. não podemos viver num país onde, por
exemplo, o vereador ganha 10, 15, 20 vezes a mais do que um professor, um policial
ou um bombeiro. tenho um imenso respeito pela classe de vereadores e sei que
fazem um trabalho árduo, mas os professores também o fazem. o que é mais
importante para a sociedade? um vereador
ou um professor? no mínimo, têm importância igual, assim, devem receber
salários iguais.
o Brasil precisa encontrar uma maneira de trazer
igualdade para a sociedade. as discrepâncias salarias precisam terminar,
principalmente, dentro do aparato público. a qualidade dos serviços públicos carece
de eficiência. corruptos precisam ser retirados da carreira pública e punidos.
é o único caminho. na história da humanidade, não há exemplo de uma sociedade
tolerando, para sempre, os desmandos e abusos de seus governantes. que a
revolução francesa, outra vez, sirva de aviso.
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