Dois patos selvagens, macho e fêmea, pousam na mesma
lagoa. É um final de tarde ensolarado na imensidão da Amazônia. A luz quente
deixa as cores fortes e faz o verde intenso contrastar com o azul do céu. Imensidão.
A pata olha o pato com encanto. Admira-lhe o peito empinado e sente um calor em
torno do coração. O pato a ignora; pesca alguns peixinhos e parte voando,
deixando-a sozinha na lagoa. A pata se entristece, sem saber ao certo o que é
tristeza. Observa o horizonte e, pela primeira vez, percebe que há beleza na selva. O pato, a essa hora, voa longe, e continua sendo
o mesmo pato selvagem do início desse relato; a pata deixou de ser selvagem. Assim são os sentimentos; quando amamos
alguém, expandimos o ser, mesmo que o outro não nos ame de volta.