até entendo que há quem não acredite em mudanças. mesmo que
ao longo de, sei lá, talvez uns 200 anos, a Europa passou de reinados e impérios
autoritários a democracias consolidadas, há pessoas que acham que nada muda,
convictas de que se expressar contra o sistema é uma pura perda de tempo. até
aí, tudo bem, cada um com suas convicções. agora, o que eu não consigo entender
é por que esses céticos tanto se incomodam com quem sonha com um Brasil melhor.
parece-me que a simples esperança dos sonhadores ameaça a inerte zona de
conforto em que os descrentes se instalaram. o que os incrédulos não percebem é
que aqueles que sonham com um país melhor desejam melhorias que beneficiarão todos,
inclusive os céticos, e só por isso já merecem ter sua causa legitimada. em
comparação, a inércia de um descrido favorece somente o conforto próprio, a
manutenção de hábitos automatizados, que, de alguma forma, tornam aceitáveis
ser refém de um sistema injusto e doente.